O estudante Leandro Chemale mora em Sapopemba, distrito da zona leste de São Paulo, e quer mais oportunidades de cursos. Aluno do UniCEU, programa de ensino superior público e online da prefeitura, ele participou de três audiências públicas no dia 24 de abril para garantir que sua demanda fosse ouvida.
“A Prefeitura de São Paulo é um ente importante na oferta de cursos de graduação e especialização em EAD [ensino à distância] com o UniCEU. É importante colocar iniciativas de abertura de novos cursos online gratuitos nos polos”, afirmou Leandro na audiência “SP Justa e Inclusiva”. Ele também cobrou meia passagem para os estudantes de EAD.
Chemale é um exemplo dos bastidores das audiências públicas realizadas neste ano para discutir o futuro da cidade.
Além dos eventos por subprefeitura, a construção do Programa de Metas 2021-2024 de São Paulo contou com três audiências temáticas — com base nos eixos que norteiam o novo documento. A reportagem do 32xSP assistiu a todas elas e observou a frequência de alguns grupos locais.
Alguns deles estiveram presentes em todos os espaços e pediram a palavra para levar pautas regionais a temas que envolvem outras políticas públicas da cidade.
Destaque também para a presença de pessoas que não são ligadas a um movimento específico, mas que veem a importância da participação popular nestas decisões, caso de Leandro.
Além da “SP Justa e Inclusiva”, que tratou das 26 metas do eixo, ainda houve mais duas audiências temáticas. A segunda foi referente às 21 metas dos eixos “SP Mais Ágil” e “SP Mais Segura e Bem Cuidada”.
Por último, a audiência sobre os temas “SP Inovadora e Criativa”, “SP Global e Sustentável” e “SP Eficiente”, com 28 metas a serem discutidas, fechou a programação.
É possível assistir pelo YouTube todas as audiências:
Os membros do TICP (Território de Interesse da Cultura e da Paisagem Jaraguá-Perus), da zona noroeste da cidade, é outro exemplo de participação ativa. Eles conseguiram ter espaço de fala em todas as três audiências.
Muitas das propostas apresentadas pelo grupo do TICP já tinham sido levadas à audiência da Subprefeitura de Perus e foram reforçadas. Integração viária entre os parques, escolas e patrimônios históricos da região é uma das sugestões.
“Possuímos dois grandes parques, o Anhanguera e o Jaraguá, mas temos muita dificuldade de acesso a esses parques. A gente propõe um redesenho urbano, para resgatar o meio ambiente e garantir a geração de renda”, disse a engenheira Sirlei Bertolini.
Ela sugere ainda a implantação de calçadas e “ter essas vias se conectando para ter mais acessibilidade entre os parques”.
GRUPOS E MORADORES ASSÍDUOS
Contando as três audiências temáticas, os membros do TICP tiveram seis participações, a maioria delas na reunião sobre economia criativa e inovação.
Outro grupo que participou das sessões temáticas foi a Rede Butantã de Entidades e Forças Sociais, da zona oeste.
Martha Pimenta, representante do movimento, cobrou a construção de instalações de saúde, como UBS (Unidade Básica de Saúde), CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e URSI (Unidade de Referência à Saúde do Idoso), também nas regiões mais vulneráveis da subprefeitura.
“Não dá para tratar com igualdade um lugar com muitas desigualdades. A gente pede um olhar para esses distritos mais pobres, que enfrentam maiores dificuldades”, desabafou Martha, sobre mais atenção aos serviços públicos em áreas periféricas.
Ainda que não seja referente a uma região específica, outro grupo que participou ativamente das reuniões foi o COMSEA (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional), com cinco falas.
Suzana Inês Basualdo levantou observações sobre a meta que prevê a estruturação de 400 hortas urbanas em São Paulo. Segundo ela, a proposta não deveria incluir hortas feitas em praças ou escolas.
“Essa diferenciação é imprescindível, nós precisamos de hortas para produção, alimentação e geração de renda, [afinal] nós estamos numa crise alimentar”, pontuou Suzana.
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Representante do Conselho Gestor do Parque Chácara do Jóquei, na região do Campo Limpo, zona sul, Wellyene Gomes Bravo participou de duas audiências. A moradora questionou a métrica usada na meta referente a limpeza de córregos durante a gestão.
“Eles [funcionários da empresa responsável pela limpeza] vêm, fazem a limpeza e deixam a sujeira na encosta do córrego. No dia seguinte chove e a sujeira volta para o córrego. Por contrato, cada ida é contada como metros limpos, mas é um serviço mal feito que tem que ser realizado a cada 15 dias”, disse.
CRONOGRAMA
De acordo com o cronograma do Programa de Metas previsto pela prefeitura, as propostas enviadas pela população estão passando por avaliação das secretarias. A publicação da versão final do documento será feita em junho de 2021.
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