Os últimos 12 meses foram intensos. A pandemia teve o pior momento no primeiro semestre. A perda de renda somada e alta dos preços levou mais moradores das periferias a passarem dificuldades. Por outro lado, não faltaram histórias de solidariedade, novos negócios, pessoas que por necessidade buscaram outras formas para sobreviver. Teve também muita cultura espalhada por toda a Grande São Paulo.
Fizemos uma pequena retrospectiva sobre como foi este ano para as periferias de São Paulo e os destaques da cobertura da Agência Mural em 2021.
Janeiro
A vacinação de Covid-19 começava em toda a Grande São Paulo e dava o primeiro sinal de esperança para reduzir o número de vítimas na pandemia, apesar da desinformação sobre os imunizantes seguir se espalhando. No aniversário da capital, contamos ahistória de como moradores de nove estados do Nordeste ajudaram a construir São Paulo.
Maria de Fátima Gomes Ferreira, 63, veio para São Paulo no início da década de 1990 | Ira Romão/Agência Mural
Fevereiro
A pandemia começava a entrar no período mais tenso no Brasil, mas após a flexibilização no fim de 2020, muita gente seguiu pelas ruas. A pergunta “Por que aglomero?” foi o mote de uma reportagem especial que ouviu jovens de diversas periferias sobre a ida a festas nesse período.
Ilustração da reportagem “Por que aglomero?” | Magno Borges/Agência Mural
Os motivos iam desde as mentiras espalhadas sobre a Covid-19 até pessoas que frequentavam esses espaços para garantir renda em meio à crise econômica – nessa época, o auxílio emergencial estava suspenso e moradores começavam a relatar o receio da fome.
Mesmo com medo da contaminação, esse mês marcou o começo do retorno às aulas presenciais. A medida, contudo, teve de ser revogada pouco tempo depois.
Março
O volume de casos de Covid-19 crescia e veio mais uma fase vermelha do Plano São Paulo. Mas sem renda moradores e lideranças das periferias viam essas medidas com descrença. Alguns gestores decidiram também antecipar novamente os feriados, mas, advinha, cada cidade decidiu fazer isso de um jeito, sem coordenação. Para complicar, uma chuva com ventania destruiu casas em Perus (zona norte de SP), e moradores fizeram uma mobilização para tentar amenizar os danos.
Enchente em Perus levou comunidade a se mobilizar por apoio | ira Romão/Agência Mural
Abril
Enquanto a crise se agravava, o auxílio emergencial teve início com valores até 70% menores do que o do ano anterior. O valor não foi o suficiente para famílias que já não conseguiam comprar o botijão de gás e usavam lenha para cozinhar em favelas da região metropolitana.
O Brasil vivia o pior momento da pandemia, chegando à marca de 400 mil mortes pela Covid-19, uma tragédia que ainda acaba com vidas, conexão e acolhimento nas periferias. Na Grande São Paulo, foram quase 10 mil vítimas em apenas um mês. Apesar da vacinação avançar, o ritmo era desigual entre brancos e negros em São Paulo.