Mulher preta, periférica, empregada doméstica e ARTISTA
Nascida em Minas Gerais, Maria Auxiliadora teve as inspirações artísticas incentivadas desde muito cedo pelos pais e aprendeu a pintar sozinha
Aos 12 anos, precisou largar os estudos para trabalhar em casas de família e como bordadeira em fábricas têxteis. Mesmo sem frequentar uma escola de artes, inovou nas técnicas de pintura que utilizava
Com 32 anos passou a se dedicar exclusivamente à pintura e a expor suas obras. Já em São Paulo, a artista retratava nos quadros a vida rural, as festas populares, os rituais afro-brasileiros, os terreiros, a capoeira e as rodas de samba
Maria Auxiliadora também procurava representar o cotidiano de seus familiares e amigos que viviam em periferias paulistanas, como a Brasilândia, na zona norte
Em 1968, se entrelaçou ainda mais com o movimento negro e fez parte de um núcleo artístico criado pelo poeta e teatrólogo Solano Trindade, em Embu das Artes, na Grande São Paulo
Aos 39 anos, em 1974, Maria morreu em decorrência de um câncer
Ela inventou um outro modo de pintura em sete anos de carreira: uma mistura de tinta a óleo, massa plástica e mechas do seu cabelo para construir relevos na tela
Numa história da arte dominada por representações eurocêntricas, brancas e elitistas, a obra vibrante de Maria Auxiliadora foi e é um acontecimento de resistência
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Texto: Tamiris Gomes Imagens: Divulgação/MASP Arte e montagem: Matheus Pigozzi