É comum ouvir por aí que 15 de novembro é o Dia da Umbanda. A data faz referência a 1908, quando conta-se que um espírito teria se manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes - homem branco - pedindo para criar a religião
“A Umbanda existe bem antes, trazida pelos negros escravizados e manifestada por outras personalidades negras”, diz a Mãe de Santo Tathy de Oyá, do terreiro CUSLE , em Mairiporã, na Grande São Paulo
Mas essa não foi a única tentativa de apagamento das religiões de matriz afro, como a Umbanda, segundo Mãe Tathy
“A gente encontra esse processo histórico de preconceito nas notícias policiais. [Manchetes diziam] ‘foi presa porque estava benzendo ou jogando capoeira’, uma luta marginalizada”
Desde a chegada no Brasil, as religiões de matriz africana enfrentam racismo, preconceitos e estigmatizações, mesmo a Constituição garantindo a todos os brasileiros o direito de liberdade religiosa
Até o sincretismo religioso, caracteristico da Umbanda, foi resultado de um processo de discriminação, de acordo com Mãe Tathy
Isso porque a fusão entre o catolicismo e a Umbanda foi uma estratégia de resistência do povo negro para manter sua cultura e fé. Porém, o culto aos Orixás é anterior à canonização de santos
“Os escravizados precisavam fingir cultuar santos para não serem castigados, mas na verdade estavam cultuando seu Orixá. Eles rezavam para Santa Bárbara, por exemplo, mas na verdade era para Iansã”
Texto: Anna Barbosa, Fran Carneiro e Jacqueline Maria da Silva Edição: Sarah Fernandes Imagens: Nego Júnior | @fotovielas Montagem: Matheus Pigozzi