MINAS GRAFITEIRAS

Quem caminha por SP se acostumou com muros coloridos espalhados pela cidade. Em geral, os grafites são assinados por homens, mas isso vem mudando e as mulheres têm conquistado espaços na arte urbana

Reunimos seis grafiteiras das periferias que deram mais cor aos muros, e também refletem sobre maternidade, saúde mental e renda

O grafite entrou na vida da Angélica de Sena como um tratamento complementar à depressão: "mal sabia ele [o médico] que isso me faria parar com todas as medicações"

Colorindo a
saúde mental

Junto com Stefanie Fabian e Fatyma Regina, ela faz parte do Mulheres de Artitude, que atua no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo

“A Artitude segue a linha de empoderamento feminino não só na pintura, mas na troca de ideias, conhecimentos e experiências”

-Stefanie Fabian (Fani)

Foi durante a gravidez que a conexão de Thainá Soares (Índia), com o grafite ficou mais intensa. A partir daí ela, que mora no Grajaú, passou a desenvolver um trabalho mais expressivo

Maternidade

“Se você leva a criança, é irresponsável. Se deixa com alguém, é desnaturada. Os julgamentos são apenas quando se é grafiteira. Quando é grafiteiro, é quase o herói do rolê"

- Thainá Soares

Além do elo entre mães e filhos, Índia também busca expressar na arte a beleza feminina e valorização da cultura negra e indígena

colorindo a ancestralidade

“Criei personagens que representassem não só a mim, mas também as que me cercam, minha mãe, irmã, tias, primas, amigas e tantas outras mulheres que são invisibilizadas pelo padrão da sociedade”

No caso da Bruna Muniz, do Jardim Fontális, na zona norte, o grafite também é uma fonte de renda extra: "já ganhei dinheiro e muito material também, que é sempre bom e ajuda"

FONTE DE RENDA

Bruna começou a grafitar em 2010. Sem grana para bancar um curso de desenho, ela passou a treinar técnicas de spray

No improviso

"Um dia soube do estêncil, que foi uma luz no fim do túnel para mim. Usava chapas de raio-x para praticar”

Além de grafiteira, Bruna também é MC e tem um álbum de rap chamado "S.O.S. Pátria Amada"

Talita Martins, de Pirituba, também na zona norte, tem como marca a abordagem religiosa em seus desenhos

Colorindo a fé

“A arte é uma criação de Deus, meus pastores não encanam comigo. Tem até culto de adoração em que tenho liberdade de pintar telas enquanto ocorre”

Reportagem: Danielle Lobato, Erika Pacheco, Ira Romão e Priscila Gomes

Adaptação do texto: Cleberson Santos

Edição: Tamiris Gomes

Arte e montagem: Matheus Pigozzi