Enquanto para uns a frase "vai para Cuba" é uma ofensa, para o cineasta Rosa Caldeira é motivo de orgulho
Criado no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, Rosa foi estudar direção de fotografia em uma das mais prestigiadas escolas de cinema do mundo, a Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV)
O convite da instituição veio em 2020, porém ele não tinha dinheiro para bancar o desafio. Por meio de uma vaquinha online, Rosa arrecadou mais de R$ 50 mil e partiu rumo à ilha caribenha
"Estudar fora é um sonho muito recente. Demorei para entender que também podia ocupar esse espaço. Agora que descobri, não largo mão e não vou só: levo todas as pessoas trans e periféricas comigo"
O curso na EICTV é uma parte do respeitável currículo do cineasta no meio audiovisual. Ele também faz parte do Maloka Filmes, coletivo periférico formado por outras pessoas LGBTs
Com o grupo, ele produziu "Perifericu" (2019). Ambientado no Grajaú, o curta conta a história de Denise e Luz, e as vivências delas como mulheres negras no extremo da cidade
O filme recebeu mais de 25 prêmios, incluindo aí o Festival Tiradentes, o Curta-Kinoforum e o Festival Mix Brasil
E também está indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, principal premiação do audiovisual nacional, na categoria melhor curta-metragem de ficção
Entre os trabalhos mais recentes de Rosa está também a direção de conteúdos extras para a série "Manhãs de Setembro", protagonizada pela cantora Liniker
“Precisamos trabalhar e mostrar que ser LGBT e ser de quebrada não são coisas contraditórias. A gente, trans de periferia, existe, cria e pensa”