Lançado nesta quarta-feira (12) pela Rede Nossa São Paulo e pela Fundação Bernard Van Leer, o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância traz 26 indicadores em diferentes áreas da administração pública que mostram o abismo entre as diferentes regiões de São Paulo, onde vivem as crianças de zero a seis anos.
Abrangendo os 96 distritos da cidade, o estudo foi realizado com base em fontes públicas, trazendo dados relacionados ao acesso à saúde, vagas em creches, segurança, esportes e lazer, entre outros indicadores.
Separamos cinco dados que evidenciam as situações de extrema diferença entre as realidades que estes pequenos cidadãos vivem.
1. Bom Retiro possui quase o triplo de crianças em áreas de vulnerabilidade social do que no Cambuci
No Bom Retiro, no centro da cidade, 14,7% das crianças de zero a cinco anos estão em áreas de vulnerabilidade social. Enquanto isso, no Cambuci, também no na região central, esse índice cai para 5,4%, menor que a média da cidade, que é de 9,8%.
O dado foi obtido com base no Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), um indicador desenvolvido pelo Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Seade) que classifica os locais do Estado de São Paulo levando em consideração dimensões socioeconômicas e demográficas. Os grupos que vão de 4 à 7 apresentam maior grau de vulnerabilidade.
Dos 96 distritos da cidade, apenas 16 deles não possuem nenhuma criança vivendo nestes grupos, Dentre eles, Alto de Pinheiros e Pinheiros, na zona oeste, foram os dois distritos a atingir o maior número de bons indicadores na cidade em toda pesquisa.
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2. A mortalidade infantil é 23 vezes maior em Marsilac do que em Perdizes
Maior distrito em extensão territorial da cidade, Marsilac, localizado no extremo sul, lidera a lista dos dez piores distritos em relação a indicadores negativos, junto a São Lucas, na zona leste. Ambos aparecem oito vezes como mais desiguais nos 24 indicadores avaliados pela pesquisa.
Marsilac é também o distrito menos populoso da cidade, com cerca de 8.370 pessoas. Por lá, a cada mil crianças nascidas vivas, 24,6% morrem entre zero e um ano de idade. Em Perdizes, na zona oeste, essa mesma taxa cai para 1,1%.
No Brasil, da taxa de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de vida é de 12,4% a cada mil nascidas vivas. Além de Marsilac, outros 25 distritos em São Paulo apresentam uma taxa maior do que a média brasileira.
CONFIRA:
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3. Na Vila Andrade crianças esperam 14 vezes mais tempo por uma vaga em creche do que em Guaianases
Uma criança com idade entre zero e três anos que more da Vila Andrade, na zona sul, terá que esperar, em média, 260,9 dias (cerca de nove meses) para conseguir uma vaga em uma creche municipal.
Já em Guaianases, na zona leste, a criança da mesma idade espera 18,5 dias, ou seja, menos de um mês. A média de espera por vagas em creche em São Paulo é de 106,9 dias ou cerca de três meses e meio.
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4. Metade das crianças que mora em Parelheiros não possui banheiro dentro de casa
Parelheiros é um distrito localizado no extremo sul paulista. Por lá, 50% das crianças de zero a cinco anos não possuem casas com banheiro. O dado leva em consideração a existência de um banheiro de uso exclusivo dos moradores, além de sanitário e esgotamento sanitário.
Já na Água Rasa, na zona leste da cidade, e em outros 27 distritos da capital paulista, quase todas as crianças da mesma idade (99%) possuem banheiros dentro do domicílio.
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5. O tempo de espera para consultas com pediatra é 10 vezes maior na Brasilândia do que no Jardim Ângela
No Jardim Ângela, zona sul da cidade, a média de tempo de espera para consultas pediátricas é de sete dias. Em outros 15 distritos, como Consolação e Vila Mariana, esse número cai para 0. Ou seja, nenhum dia esperando para conseguir um agendamento.
Já na Brasilândia, na zona norte, o número chega a 70 dias, o que representa mais de dois meses. O local é o segundo distrito com maior índice de população infantil da cidade e também figura a lista dos dez mais populosos. Dos 278.581 habitantes, 11,62% são crianças.
SAIBA MAIS:
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https://32xsp.org.br/especial/historias-de-mulheres-em-busca-do-parto-humanizado-em-sp/