O número de usuários do SUS aumentou em São Paulo. É o que diz os números da pesquisa “Viver em São Paulo”, divulgada em janeiro pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope. Nela, 84% dos entrevistados disseram utilizar algum tipo de serviço do SUS na cidade, o que representa 20 pontos percentuais a mais de usuários em comparação com a mesma pesquisa realizada em 2008.
A gerente de negócios Ana Paula Lauder, 59, moradora do Belenzinho, é uma das novas usuárias do SUS. Com plano de saúde, utiliza a UBS próxima de casa para a retirada de medicamentos.
“Passei a pegar lá remédios de pressão alta para mim e para meu esposo”, conta. “Antes eu comprava na farmácia mesmo, mas com a crise as contas começaram a apertar. Aí me contaram que tinha lá no posto”.
O número de pessoas que passaram a retirar medicamentos na rede pública passou de 41% em 2008 para 69% em 2017, um aumento de 28 pontos percentuais. O uso de serviços odontológicos também saltou de 9% para 32%.
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Para Maria Luiza Levi, professora da Universidade Federal do ABC, o aumento de usuários de rede pública acontece em serviços pontuais, como um complemento à saúde privada.
“Acho forte dizer que o SUS ganhou 20 pontos percentuais a mais de usuários em São Paulo. Agora, casa muito bem com nossa impressão geral que as pessoas passem a recorrer mais ao SUS para medicamentos gratuitos, por exemplo. Veja que os pulos de 2016 para 2017 são muito altos”.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, em 2017 o SUS recebeu 26,79% de pacientes a mais em relação a 2015. Isso se refletiu no aumento nos números de consultas na rede básica, no atendimento médico especializado e na urgência e emergência, com índices de elevação que chegam a 10% no mesmo período. Com o crescimento do número de consultas na rede básica e na urgência/emergência, a demanda na atenção especializada tornou-se maior.
Na cidade, o SUS é mais utilizado pelos moradores das zonas norte (89%) e leste (87%).
MAIS USUÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE
A pesquisa Viver em São Paulo revelou ainda o número de clientes de planos de saúde voltou a subir em 2017 (33%). A queda registrada nos anos anteriores se deveu ao aprofundamento da crise econômica.
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“Com a crise os planos de saúde perderam muitos clientes, porque a maior parte das pessoas adquire um plano de saúde compulsoriamente no contrato de trabalho. Com o desemprego e a informalidade, naturalmente cai o número de usuários”, diz Maria Luiza.
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http://32xsp.org.br/2017/10/25/marsilac-lidera-numero-de-ubss-em-sp-mas-faltam-hospitais/