APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias
Sobre-Viver

Crianças falam sobre a expectativa da vacina após aprovação da Anvisa

Estudantes de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, contam os medos da Covid-19 e a expectativa da imunização para se proteger do vírus

Image

Por: Jacqueline Maria da Silva

Notícia

Publicado em 17.12.2021 | 18:35 | Alterado em 04.01.2022 | 16:31

Tempo de leitura: 3 min(s)

Ana Laura Melo, 8, não vê a hora de se vacinar contra a Covid-19 para brincar de pega-pega e esconde-esconde, as brincadeiras favoritas dela. A criança conta que a imunização ajuda a combater a tal “bolinha verde com espinhos”, modo como descreve o coronavírus. Enquanto falava com a Agência Mural, ela até desenhou um para mostrar.

Arthur Cavalcante, 7, tem certeza de que o vírus é cinza e vermelho e explica o poder da vacina. “Quando a gente toma, o remédio entra no nosso corpo e deixa a gente protegido”. Deve ser por isso que a Maysa Gomes, 5, está com tanta pressa para ir ao posto de saúde. “Eu vou correndo tomar, mas acho que vai demorar”, comenta.

Talvez não demore tanto. Nesta quinta-feira (16) a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aprovou a aplicação do imunizante Comirnaty, da fabricante Pfizer, para a faixa-etária de 5 a 11 anos.

Ana Laura desenhando como imagina o coronavírus @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Nos últimos dias, a Agência Mural ouviu crianças das periferias, em especial de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, sobre como estão vendo o momento da pandemia e o que sabem da vacinação.

De acordo com a Sophia Ferreira, 7, a vacina nada mais é do que um líquido que tem em um frasquinho que vai para a seringa e depois é aplicada no braço. Sabe disso porque a mãe dela é enfermeira.

Para crianças da idade dela, a dose será menor, um terço da que um adulto costuma receber, ou 0,2ml. O frasco tem uma cor amarela para diferenciar e o intervalo para a segunda dose será de no mínimo 21 dias.

“Todas as crianças precisam tomar”, afirma Maysa.

Maysa está ansiosa para que todos tomem a vacina @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Ana Laura espera que depois que todos se vacinem, não precise mais de máscara. Mas esse desejo dela vai levar mais tempo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) especifica que para pessoas acima de 5 anos o uso deve ser obrigatório, mesmo com a vacina, que não resolve o risco de espalhar a doença.

Por ser um vírus que se propaga de pessoa para pessoa por meio de gotículas provenientes do nariz e da boca, segundo o Ministério da Saúde, esse item ajuda a fazer uma barreira de proteção das vias aéreas.

“O vírus é muito pequeno, não dá nem pra ver”, descreve Sophia. Por isso que quando ela sai para passear coloca máscara nela e na Jojo, a boneca preferida dela para brincar no parque.

Arthur tem até uma coleção com estampas de super-heróis. A que ele mais gosta é a do Batman, porque combina com a ponta dos cachinhos verdes. O garoto conta que usa a máscara o tempo todo por medo de contrair a doença que afetou a família – ele perdeu a avó para a Covid-19 no início da pandemia.

Arthur tem uma coleção de máscaras com estampas @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Essa preocupação das crianças se estende aos demais ambientes, todas elas voltaram a frequentar a escola presencialmente e lá lavam as mãos, usam álcool gel e mantém o distanciamento por precaução.

Conforme explica Maysa, quando uma criança está com tosse e brinca com outra, ela pode passar coronavírus, ou seja, a Covid-19 pode atingir todas as idades.

Foi justamente brincando com as primas que Sophia foi infectada pelo vírus em agosto deste ano. Na época apresentando febre alta, tosse e perda do paladar. “Eu não sentia o gostinho do ovinho que meu pai faz pra mim de manhã”.

Para confirmar, ela fez um teste que coloca um cotonete dentro do nariz, que “faz cosquinha e é incômodo, mas não dói”, afirma ela. Esse teste a qual ela se refere é o PCR.

Sophia colocando máscara na boneca, Jojo @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 180 mil de crianças entre o e 11 anos testaram PCR positivo para a doença desde o início da pandemia até dezembro deste ano.

Isso corresponde a pouco mais de 4% da população diagnosticada pelo mesmo exame. Contudo, esse número é referente aos realizados em laboratórios públicos cadastrados, o que significa que o número pode ser maior por conta da subnotificação e dos laboratórios privados.

Para que esses números diminuam ainda mais e a pandemia acabe, a única saída, de acordo com a Maysa, é todas as crianças irem direto para o posto quando a vacina sair.

Para quem tem medo da agulha, Arthur e Sophia, que já tomaram várias vacinas diferentes, explicam que é só uma picadinha e, se doer, logo vai passar. “Antes ela tinha medo de tomar a vacina porque achava que era algo para machucar, mas agora eu sei que é para curar”, completa Sophia.

Para iniciar a vacinação das crianças, a Anvisa depende, agora, do calendário de logística do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

receba o melhor da mural no seu e-mail

Jacqueline Maria da Silva

Jornalista formada pela Uninove. Capricorniana raiz. Poetisa. Ama natureza e as pessoas. Adora passear. Quer mudar o mundo e tornar o planeta um lugar melhor por meio da comunicação. Correspondente de Cidade Ademar desde 2021. Em agosto de 2023, passou a fazer parte da Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE