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Leitores da Brasilândia buscam alternativas para a falta de livros na região

Brasilândia não conta com nenhum livro infanto-juvenil ou adulto em acervos de bibliotecas municipais

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Por: Redação

Publicado em 11.11.2016 | 12:48 | Alterado em 11.11.2016 | 12:48

Tempo de leitura: 3 min(s)

Fã de literatura fantástica, com histórias de vampiros, sereias, entre outros seres irreais, a manicure Andressa Souza, 25, enfrenta dificuldades para achar os títulos de sua preferência na região onde mora, o bairro Jardim Damasceno, localizado no distrito da Brasilândia, zona norte de São Paulo.

“Quando tenho interesse em algo, eu procuro primeiramente na internet alguma livraria para comprá-lo, já que normalmente não encontro os títulos do meu agrado em bibliotecas públicas ou móveis por aqui”, conta a jovem que, além de leitora assídua, é autora do gênero com o pseudônimo de Andy Azous.

A dificuldade de Andressa é refletida pelo levantamento do Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo, que indica não haver livros infanto-juvenis ou adultos em acervos de bibliotecas municipais no distrito. A referência de meta para esse índice é de dois livros per capita.

“Já é triste saber que as pessoas têm tão pouco interesse pela leitura, mas aqueles que têm possuem problemas para encontrar suas preferências disponíveis! A literatura é a porta para uma educação melhor, para o crescimento intelectual e é importante na formação de pessoas melhores”, observa Andressa.

Para contornar a situação, os moradores contam com acervos de bibliotecas vizinhas. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, as Bibliotecas Públicas Afonso Schmidt, no bairro Vila Cruz das Almas, e Érico Veríssimo, na Cohab de Taipas, são as mais próximas da região da Brasilândia.

A secretaria também destacou que as bibliotecas têm parceiros na região da Brasilândia. “Outras ações que podemos destacar são as articulações que cada biblioteca faz com equipamentos parceiros (escolas, UBSs, CECCO, CRAS, CCA, Telecentro).

No início de cada ano, a coordenadora da biblioteca procura os parceiros para dialogar, e vislumbrar o que poderão trabalhar com o público que frequenta esses equipamentos, sempre com a questão norteadora da leitura, literatura e pesquisa”, informou.

Iniciativas locais

Outras ações para driblar o tédio de ficar sem ler partem da própria população. Para atender a uma demanda de leitores espalhados na região, o arte-educador Michell da Silva, 32, mais conhecido como Chellmí, toca o projeto “Carrinho de Mãoteca”.

Desde 2012, ele transporta os livros em um carrinho de mão para diversos bairros da Brasilândia e outras periferias. Os livros são doados e não há burocracia para retirada. “Costumo brincar que o cadastro é a vontade ou a curiosidade de ler e que o prazo é indeterminado para devolução”, conta Chellmí.

Chellmí ainda observa que a leitura amplia os olhares. “Ela faz a gente enxergar com olhos inexistentes no rosto. Uma vez que nossa região passar a ler mais, estaremos escrevendo mais, questionando mais, não reproduzindo tanto e, principalmente, tendo a possibilidade de travar diálogos mais potentes com o poder público. Assim, poderemos exigir nossa parte do bolo que é nossa por direito (sic)”.

Já no Jardim Damasceno, a opção é o acervo disponibilizado no Espaço Cultural do Jardim Damasceno, localizado na rua Talha Mar, 105. O morador precisa ficar atento aos horários que o local está aberto e procurar alguém para cadastrar o livro que irá retirar. O compromisso é entregar depois da leitura.

O espaço fechou uma parceria com o projeto BiblioSesc – do Sesc Santana – com uma programação quinzenal de atividades no local de incentivo à leitura. A programação pode ser conferida aqui: https://www.sescsp.org.br/programacao/81228_BIBLIOSESC.

Procurada também pela reportagem, a Secretaria Municipal de Educação destacou os acervos disponíveis do CEUs da região: Jardim Paulistano (acervo de cerca de 9 mil livros) e Paz (cerca de 12 mil). Os equipamentos não são contabilizados pelo levantamento do índice.

Foto: Menino olha um livro do projeto Carrinho de Mãoteca/ Foto: Sonia Bischain

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