Nem Elvis Presley, nem o rock morrerão, garante Marcos César Lupinacci, 56, ex-bancário que largou a profissão para dar vida ao ídolo do rock, morto em agosto de 1977.
A história desse fã, morador do Jardim Oriental, zona sul de São Paulo, começa ainda na infância. Aos 10 anos, Marcos ouviu o jornalista Cid Moreira anunciar na TV o falecimento do cantor, que ele ainda nem conhecia.
O pai havia comprado um disco de Elvis, guardado até hoje por Marcos. “De tanto ouvir, sei as músicas de trás para frente. Comecei a incorporar o gestual, o movimento, a voz”, lembra.
A paixão se tornou tão intensa a ponto de batizar a filha com o nome de Priscila, em homenagem a Priscila Presley, mulher do “rei do rock”.
Aos 20 anos, o antigo bancário já interpretava com sua banda sucessos não só de Elvis como de outros cantores de rock. Após conquistar público e ser um dos vencedores de um concurso de sósias, decidiu seguir a carreira como cover.
Marcos garante ter o timbre e a irreverência do ídolo. “Assim como ele, sinto como se estivesse em casa no palco”.
Para se assemelhar fisicamente ao músico, decidiu adotar costeletas e um penteado com topetão, o que, segundo ele, lhe rendeu mais trabalhos e gerou muitos comentários de “Elvis não morreu” por onde passa.
Além disso, o novo visual facilitou a caracterização para os shows.
“A única coisa que eu faço é vestir o macacão, colocar os anéis, os colares, a bota, o cinto, trocar os olhos castanhos pelos olhos azuis e já tá aí o Elvis”
Marcos César Lupinacci, cover de Elvis Presley
Grande parte do figurino, incluindo as golas altas e boca de sino, foi adquirido do exterior por conta dos detalhes de pedraria que tornam as réplicas mais semelhantes aos trajes originais de Elvis.
Foi a partir desse cuidado que Marcos conseguiu chegar à Copa do Mundo, no Qatar, em 2022. Foi contrato para se apresentar no país durante um mês.
Ele conta ainda que, durante o voo, a tripulação perguntou se ele era cover de artista americano. Ao confirmar, recebeu convite para cantar ali mesmo.
De Amy Winehouse a Rita Lee
Diferentemente do cover de Elvis, a professora de música Bruna Tielly, 28, moradora da Vila Romero, zona norte de São Paulo, gasta cerca de duas horas para se caracterizar como Amy Winehouse.
A artista utiliza lentes de contato, tatuagens provisórias e realiza uma maquiagem detalhada, incluindo sombreamento nos olhos, unhas decoradas, além de saltos altos. Ela incorpora ainda um aplique de cabelo pesando dois quilos em cada show desde 2014, quando começou a fazer tributo à cantora morta em 2011.
Parte do trabalho também envolve a preparação vocal para tentar alcançar o timbre mais grave da artista e proteger a voz durante as apresentações.
A performance teve início quando uma colega, também sósia, percebeu semelhanças entre Bruna e Amy Winehouse. Elas decidiram tirar fotos caracterizadas e compartilhá-las nas redes sociais, o que gerou uma série de propostas para os shows.
Embora Amy Winehouse seja seu “carro-chefe” atualmente, no início da carreira em 2011, a jovem cantava em uma banda como cover da roqueira Pitty, pela qual também é fã.
Giselle Vergna, 43, há 17 anos realiza shows, especialmente em tributo à cantora baiana Pitty.
“A Pitty ficou um tempão sem fazer show e estava muito na moda essa coisa de banda tributo, cover de uma banda só. Sempre fui associada a Pitty desde que eu entrei na música, porque eu sempre fui fã dela, e a galera costuma dizer que eu pareço com ela e que canto parecido”
Giselle Vergna, cantora de rock
Moradora de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, Giselle concilia o trabalho como servidora pública com a carreira de cantora da banda Brinquedo Torto. No entanto, ao contrário de outros artistas que se transformam no astro, ela interpreta as músicas no seu próprio estilo roqueiro. “Eu não me caracterizo como Pitty, me apresento como eu mesma”.
Ela também interpreta celebridades como Avril Lavigne, Alanis e Paramore. Já Bruna tem um show especial de Lady Gaga. Ambas também realizam uma performance especial em tributo a Rita Lee, falecida este ano, e afirmam que a demanda por essa apresentação aumentou.
“É uma cantora que deixou um grande legado. Mais do que nunca, as pessoas querem aquele gostinho da memória dela”.
Com referenciais tanto na música brasileira quanto internacional, incluindo Charlie Brown, Legião Urbana, Queen, Evanescence, as artistas também têm conquistado espaço no meio artístico.
Giselle, por exemplo, teve a oportunidade de abrir um show da banda Capital Inicial para uma plateia de aproximadamente de 8 mil pessoas. Já Bruna fez participações em programas de TV, como Raul Gil, Máquina da Fama, Programa do Faro, Faustão e Caldeirão do Huck.