A explosão que feriu o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos) e a primeira-dama, Aline Soares Lins, trouxe de volta um tema que já foi polêmica na cidade da Grande São Paulo há 30 anos. O risco das fogueiras.
Os dois estão internados no Hospital Antônio Giglio, após terem sofrido queimaduras em função da explosão da fogueira no evento ‘Arraiá do Servidor’.
Os eventos de São João são uma tradição na cidade e já tiveram peso maior no passado, em especial entre os anos 1970 e 1980. Na época, uma fogueira chamava atenção da cidade e do Brasil, até ser cancelada por conta de problema de segurança e pela questão ambiental.
A “Fogueira de Quitaúna’’ se tornou um evento turístico da cidade em 1977, por meio de lei sancionada pelo ex-prefeito Guaçu Piteri. Cinco anos depois, a Assembleia Legislativa aprovaria um projeto que colocaria o evento no calendário oficial do estado, sancionado pelo então governador José Maria Marin.
A característica da fogueira chamava atenção. Organizado por Pedro de Souza e Marlene de Souza, ela aumentava um metro de altura por ano, o que atraía cada vez mais pessoas. “Havia ali uma quermesse e um público notável, durante todo o mês de junho, quando a fogueira ficava queimando por vários dias, e cada ano tinha sua altura aumentada”, aponta Laura Leal, no livro “De Argila à Vila – Memórias de Osasco”.
Algumas imagens publicadas por moradores da cidade mostram as características da fogueira, que chegou a ser montada em Quitaúna e também no bairro do Km 21. As publicações foram feitas no Osasco em Fotos, grupo criado pelo fotógrafo Rômulo Fasanaro para guardar imagens do passado do município.
Em 1988, uma nota no jornal Estado de S. Paulo enfatiza que o evento, com apoio da prefeitura, já é considerado o maior do tipo no Brasil. Assim como o caso de Lins, cabia ao prefeito realizar a cerimônia. “A grande fogueira de Quitaúna que consumirá toneladas de lenha, disposta em encaixes especiais, até atingir 24 metros de altura, será acesa no próximo dia 25 pelo prefeito Humberto Parro”, diz o texto.
Contudo, a ideia de aumentar o tamanho da fogueira ano após ano começou a ser questionada. Tanto pela segurança, quanto pela quantidade de madeira gasta para manter a tradição.
A situação mudou na segunda gestão do prefeito Francisco Rossi (PR). Em resposta a um leitor, também do jornal ‘O Estado’, que criticava a tradição, o prefeito afirmou na época que as medidas seriam tomadas para encerrar a situação. “Determinamos providências para evitar que esse triste espetáculo se repita este ano. Já removemos as dezenas de toras de madeira da última fogueira que inexplicavelmente permaneciam no mesmo local, com sérios riscos de acidentes”, dizia o prefeito em 1989.
“Fizemos isso por também não concordarmos com a devastação da natureza, principalmente quando ela é assumida e incentivada pelo poder público, como era o caso da fogueira de Quitaúna”, complementou.
Trinta anos depois, a fogueira na festa junina volta a ser polêmica. As causas do acidente ainda são investigadas. Curiosamente, Rossi é marido da vice-prefeita, Ana Maria Rossi (PR). A família publicou um texto lamentando o acidente e desejando pronto restabelecimento de Rogério Lins e de sua esposa, Aline Soares.