Andressa Carreiras
Colaborou Paloma Vasconcelos
Diante da onda de conservadorismo no cenário político e social do país, alunos da Escola Estadual Presidente Kennedy, localizada no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, enfrentam dificuldades para assumir-se enquanto LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).
Para a professora de história da escola, Cleonice Elias, 33, as dificuldades não são apenas dentro da escola. “É um segmento da sociedade em que os alunos encontram dificuldades de forma geral na sociedade de forma geral”, explica.
Para o estudante Ítallo Ramos, 16, aluno da 2° série do ensino médio, o futuro é incerto, dentro e fora da escola. “Eu vejo futuramente a classe LGBT sem direitos e tendo que voltar ao armário para sustentar o ego de milhares. Percebo hoje que no armário não tinham só pessoas LGBT, tinham também pessoas preconceituosas”, desabafa.
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O coreógrafo Rodrigo Borges, 21, integrante de grupos LGBTs de dança (Focus Djí, The Chnage Crew, The Domination, The Biches, Glória Groove Cover, Iza Cover). E líder de um projeto que leva apresentações LGBT nas escolas, conta como foi a sua autoaceitação. “Eu cresci pensando que eu era o erro da sociedade. Então, durante toda a minha adolescência, eu criei uma bolha, uma vida falsa para que as pessoas não me julgassem”, conta Rodrigo.
Marcos Aurélio, 17, estudante e também integrante do grupo de dança, a autoaceitação também foi difícil. “A própria aceitação é muito difícil, porque você acha que aquilo é errado, pois foi ensinado assim, eu temo a qualquer momento virar uma estatística”, explica Marcos.
A composição social é importante para que todos possam ver o movimento LGBT não como a falta ou a resistência a uma divindade, mas sim, poder conhecer o contexto e legitimidade desse movimento. Para a professora Cleonice, debates dentro da escola são uma alternativa para diminuir a LGBTfobia (preconceito baseado na orientação sexual ou identidade de gênero).
“A escola tem que estar aberta para discutir para propagar a questão do respeito para com o outro, pois o grupo LGBT vai sofrer um retrocesso muito grande, então eles precisam mais que nunca se unir e levar essa questão adiante”, afirma a professora.
Borges também reforça a importância do diálogo. “Eu sou a favor de incluir gênero na educação, é muito importante para ver que o mundo é diverso e que qualquer um merece respeito dependente do que for”, defende.
O professor de sociologia Celso Silva, 36, acredita que a diversidade deve ser apresentada não só na formação dos alunos, mas também para a formação dos professores. “É necessário que os professores tenham uma formação adequada para que possam ver esse aluno como um aluno”, argumenta.
Julia Aguirre, 16, aluna da 2° série do ensino médio, as dificuldades de ser LGBT na escola ainda são muito grandes.“Por mais que a diversidade seja maior, por mais que tente se expressar, por mais que tenha outras pessoas como você, ainda é muito difícil”, alega Julia.
Andressa Carreiras é estudante do 2ª série do ensino médio na escola estadual Presidente Kennedy
Paloma Vasconcelos é correspondente de Vila Nova Cachoeirinha
Essa reportagem foi produzida por um participante do programa de bolsa de jornalismo Acontece na Escola da Agência Mural, no qual estudantes do ensino médio de escolas públicas da região metropolitana de São Paulo produzem conteúdo jornalístico sobre temas do cotidiano escolar. A iniciativa integra o projeto Mural nas Escolas.