Ter acesso a bons livros, revistas e outros materiais culturais é fundamental para que um repórter iniciante possa se tornar um grande jornalista.
Moradores das periferias têm menos acesso a livros e equipamentos culturais ao longo de sua formação. Para cobrir essa lacuna e aprimorar a formação de seus integrantes, a Agência Mural resolveu criar neste ano uma biblioteca.
E a montamos a partir de doações. A escolha foi mais proveitosa do que esperávamos. Nosso pedido chegou a pessoas com muita experiência no mundo da comunicação e da cultura, e que tiveram a generosidade de usar seu tempo para montar, cada um deles, uma seleção cuidadosa de títulos para nossas prateleiras.
Essa curadoria fez com que nossa biblioteca comece com um acervo muito rico e diverso, com mais de mil itens. Temos obras clássicas, lançamentos recentes e uma variedade impressionante de temas e de formatos: história, jornalismo, economia, literatura, artes plásticas, direitos humanos, estatística, filosofia, religião e quadrinhos, entre vários outros.
Vieram, ainda, revistas como a Realidade, que inspiram jornalistas a buscar um texto melhor há décadas, e publicações como Piauí e Serrote, com textos longos que nos mostram como destrinchar os assuntos para valer e a refletir sobre o mundo de hoje.
Há, também, livros em inglês, espanhol, italiano e francês. E, inclusive, um curso de árabe para iniciantes. Opções ótimas para jovens que estudam outros idiomas depois de se formar, pois não tiveram condições de fazer isso durante a adolescência.
Ao se aprimorarem, os muralistas passam a partir de uma base cada vez mais sólida para contar o que se passa nas periferias e nos lugares onde moram. Assim, gostaríamos muito de agradecer a cada um dos doadores, que tornaram esse projeto possível:
Belisa Frangione
Bruno Zeni
Fernanda Campagnucci
Gabriela Moura
Jéssica Costa
Joana Monteleone
Luiz Anversa
Marcelo Soares
Marilia Scalzo
Raul Haidar
Roberta Raga
Rodrigo Borges Delfim
Rosi Solis
Suzana Singer
Silvia Haidar
Walter PortoNossa biblioteca foi batizada como Sheila Alice, que foi historiadora, pesquisadora e moradora de Guaianases, no extremo leste de São Paulo. Ela publicou a dissertação de mestrado “Negros em Guaianases: cultura e memória”, sobre a história dos moradores dali. Também fez parte do CPdoc Guaianás (Centro de Pesquisa e Documentação), que atua para a preservação da memória do distrito. Sheila morreu no ano passado, aos 35 anos.
O obituário dela pode ser conferido aqui.