Natural do Rio de Janeiro e moradora do bairro Jardim São Luís, em Guarulhos, na Grande São Paulo, Alessandra Rodrigues, 51, construiu uma história marcada por desafios e conquistas com a confeitaria.
Mãe de dois filhos, Alê, como é conhecida, conseguiu com os doces não só uma fonte de renda, mas um caminho para realizar sonhos, além de ajudar outras mulheres. Desde 2023, ela tem apresentado o brigadeiro em eventos em outros países.
Alê, na entrada da feira La Chocolaterie em Buenos Aires @Arquivo pessoal/Divulgação
Foi navegando pelo Instagram que ela conheceu uma feira de confeitaria realizada na Argentina, a La Chocolaterie. Conversando com o perfil responsável pelo evento, surgiu o convite de visitar a feira em 2023.
“Levei na minha bagagem para a Argentina alguns doces como brownie, pão de mel e brigadeiro. E foi justamente o brigadeiro que chamou a atenção”, relembra.
“No último dia, a organizadora me chamou e perguntou se eu não gostaria de expor no ano seguinte como uma atração internacional porque eles tinham amado o brigadeiro”, disse.
A confeiteira com os brigadeiros que chamaram a atenção no evento internacional @Arquivo pessoal/Divulgação
Nos anos de 2024 e 2025, Alessandra voltou à feira, desta vez como expositora e palestrante. A apresentação dela, intitulada “Passaporte Brigadeiro”, colocou a venda do doce brasileiro como símbolo central de sua jornada na confeitaria.
“As portas internacionais foram abertas pelo brigadeiro, que é um produto genuinamente brasileiro e que também abre portas para milhares de brasileiros”, afirma.
Para ela, o “brigadeiro salva vidas no Brasil”, por ser a renda extra e até mesmo a renda fixa de muitos brasileiros, além de uma alternativa que muitas pessoas utilizam em momentos de necessidade.
Os brigadeiros que aumentaram a renda da confeiteira @Arquivo pessoal/Divulgação
Confeitaria sempre presente
A relação com a confeitaria começou há quase 30 anos. Inicialmente, a atividade era apenas para complementar a renda. No entanto, em muitos momentos em que Alê não estava com a carteira assinada, o trabalho com doces foi o que garantiu o sustento.
“Como mãe de dois meninos, eu precisava da segurança do CLT, mas a confeitaria sempre estava comigo. Sempre que eu precisava de uma renda extra era ela que me sustentava”, afirma.
No entanto, na infância de Jonathan Rodrigues, hoje com 30 anos, Alê conta que precisou prestar atenção integral ao filho por causa de uma alergia alimentar. Por isso, deixou o emprego de carteira assinada e focou exclusivamente no trabalho com a confeitaria.
Há quase 30 anos Alê trabalha como confeiteira, bolos é uma de suas especialidades @Arquivo pessoal/Divulgação
Quando começou a pensar em vender doces, Alessandra passou a refletir sobre como funcionava o comércio perto de onde morava e na rede de convívio, como a faculdade.
Foi numa padaria perto de casa que Alê encontrou a primeira oportunidade de vender doces em um estabelecimento. “A padaria lá perto só vendia pão. Na época, ofereci o meu brigadeiro e eles passaram a comprar frequentemente para vender por lá”, conta sobre a visão de negócio para poder ter renda extra.
Em 2005, quando decidiu cursar Recursos Humanos durante a noite, encontrou outra oportunidade de comércio: a venda de salgados e doces dentro da faculdade, onde não havia cantina.
“Notei que o pessoal saía do trabalho e chegava na faculdade querendo se alimentar. E aí eu comecei a levar salgados e doces para vender e assim conseguia o dinheiro para pagar a mensalidade”, relembrou Alê.
Força feminina
Ao passar a viver exclusivamente da produção de doces, a confeiteira abriu a própria loja, D’Alê Doces. Com mais estabilidade, decidiu usar a experiência para apoiar outras mulheres.
Em 2024, com a ajuda de uma amiga, fundou o grupo Força Feminina, com o objetivo de criar espaços para mulheres empreendedoras exporem e venderem seus produtos.
“Tenho um grupo que a gente trabalha para conseguir levar mulheres empreendedoras a espaços de exposição para divulgarem o seu trabalho. Tem pessoas que vendem semi-jóias, roupas, produtos artesanais. A gente não faz diferenciação, o que importa é ser um espaço de apoio”, explica.
O pão de mel e brownie fazem sucesso em Guarulhos @Simony Maia/Agência Mural
Atualmente, o grupo reúne mais de 70 mulheres de Guarulhos e regiões próximas, de todas as idades.
Às vésperas de completar 30 anos de atuação na confeitaria, Alessandra encara 2026 como um marco significativo em sua trajetória profissional e pessoal.
“É um grande marco pra mim. Está muito atrelado à minha maternidade, comecei quando meu filho tinha um ano. Tenho uma agenda completa para o ano inteiro, incluindo passagens por México e Colômbia”, revela.

