Ao saber que Marina não tinha PC para participar de projeto virtual, Junior arrecadou dinheiro e construiu máquina para a menina
Muita gente, quando se depara com algum tipo de lixo eletrônico na rua, ignora, embora o correto seja levá-lo para coleta específica.
Porém Igor Junior, 13, foi na contramão dessas duas possibilidades e decidiu ele próprio aproveitar a “carcaça” de um computador velho e montar um completamente novo.
Estudante do 9º ano da Escola Estadual Claudinei Garcia, em Osasco, na Grande São Paulo, Junior também participa do programa Ismart Online, projeto que oferece aulas virtuais de conteúdos do currículo escolar e também desenvolve atividades com foco em empreendedorismo.
Junior descobriu por meio de um grupo de WhatsApp, formado por alunos do Ismart, que Marina Reis, 14, estava sem computador para acessar as aulas. Ele resolveu se mobilizar para ajudar a colega, que vivia em outro município.
Marina cursa o 9º ano na Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita, em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital, mas vive em Guarulhos, na Grande São Paulo.
“Soube que o computador dela tinha quebrado. Conheci um cara que tinha uma carcaça com algumas peças com defeito”, conta Igor. “Pedi a ajuda dele e minha mãe apoiou a ideia.”
Mesmo sem dinheiro, Junior não desistiu de prosseguir com a missão de ajudar Marina. “Eu e minha família decidimos fazer uma campanha de arrecadação no nosso condomínio”, diz.
O dinheiro seria destinado a comprar as peças que faltavam e trocar as outras que estavam com defeito.
“Quem não podia ajudar com verba, apoiava e incentivava, e isso ajudou muito”, afirma Junior.
Em uma semana, ele conseguiu arrecadar os R$ 50 necessários. Em seguida, sozinho, montou o computador.
“A parte mais difícil foi conseguir as peças. A mais fácil foi trocar os coolers (peças que impedem o computador de superaquecer)”, brinca.
Dona Patrícia, mãe de Junior, foi a responsável por levar o computador de Osasco até a casa de Marina.
“Eu estava chegando da escola e minha avó estava no portão de casa com lágrimas nos olhos e um sorriso enorme no rosto. Eu achei estranho, porque ela nunca chora”, relata Marina.
“Fui logo perguntando o que havia acontecido. Minha avó nem esperou que eu entrasse em casa e já veio me dizendo que eu havia ganhado um computador.”
Marina comemora a conquista e diz ter ficado feliz pela atitude do colega e podido, finalmente, voltar a fazer as atividades do projeto, além de ver a avó feliz, após alguns problemas pessoais. A menina sonha em ser arquiteta ou advogada.
Junior e Marina finalmente se encontraram em um evento presencial do projeto, que acontece a cada dois meses.
“Para ser sincero, eu vou levar essa experiência para a minha vida”, afirma Junior, que já sabe qual profissão quer seguir. “Quero ser programador.”