Desde abril, a Subprefeitura do Campo Limpo atua em um novo endereço, localizado na Avenida Giovanni Gronchi, na Vila Andrade. A mudança até hoje causa reclamações entre os moradores, pois a sede foi transferida da rua Nossa Senhora do Bom Conselho, no Campo Limpo, próximo das periferias, para uma região nobre da zona sul de São Paulo.
O motivo da troca seria a venda do terreno, que era alugado pelo poder público, para a construção de prédios residenciais. No mesmo espaço, operava uma unidade do Descomplica SP, praça de atendimento que oferece serviços de emissão da carteira de trabalho, solicitação de Bilhete Único, seguro desemprego, entre outros.
Ambas foram transferidas para o endereço na Giovanni Gronchi, próximo da estação da linha 5 – lilás do Metrô. “Ter uma subprefeitura visível e com fácil acesso à comunidade facilita a resolução dos problemas”, diz a analista financeira Priscila Ferreira, 38, moradora do Jardim Samara.
A Subprefeitura do Campo Limpo atende os distritos de Campo Limpo, Capão Redondo e Vila Andrade, uma área com 700 mil habitantes. Para quem busca atendimento e reside no Campo Limpo ou no Capão Redondo, é um acréscimo de 2,5 km no trajeto.
Nas redes sociais, assim como Priscila, a mudança de local não agradou outros moradores. “Onde já se viu a Subprefeitura ir para um local de difícil acesso à população do bairro?”, “Loucura o endereço da sede ser distante para os moradores”, “A realidade é que estamos largados”, são alguns dos comentários encontrados na época.
Além de ser a maior subprefeitura da capital, com a nova sede a unidade passou a ter o maior aluguel, como apurou a TV Globo. São R$ 197 mil por mês. Um salto de 47% em relação à locação anterior. Em 2023, Campo Limpo tem o menor valor de investimento por morador das 32 subprefeituras do município, se destinando R$ 71,75 para cada habitante.
Longe dos problemas
O conselheiro tutelar Jair Mariano, 59, é morador do Jardim Rosana, no Campo Limpo, e transita todos os dias pela avenida Carlos Caldeira Filho no caminho até o trabalho. Ele comemora o recente recapeamento feito na via, que, segundo ele, há tempos necessitava de manutenção: “Estava na hora”.
No entanto, tenta resolver os problemas na suspensão do carro, causados pelas ruas esburacadas na região: “Da minha casa até chegar à avenida principal (Caldeira Filho), eu encontro vários buracos. Estão por todo lado”.
Ele conta que o prejuízo do automóvel impacta diretamente no bolso, onde será preciso rever o orçamento. “Me sinto prejudicado. A mão de obra de mecânico é cara. O automóvel é uma necessidade da minha família”, desabafa.
Na rua Professor Dirceu Neves, ainda no Jardim Rosana, uma moradora relata que a via foi recapeada há um ano, porém o serviço ficou incompleto. “Já vieram duas vezes arrumar a rua. Na última, deixaram um buraco para trás. Quando eu questionei, disseram que não podiam consertá-lo, pois a solicitação contemplava outro ponto da rua”, explica. Ela pediu para não ter o nome divulgado por receio.
No Jardim Leônidas Moreira, o problema persiste. A rua Ibi é famosa no bairro pelo asfalto esburacado, toda a extensão é remendada. Recentemente, o solo cedeu mais uma vez no encontro do logradouro com a rua Cabaxi, em frente à E. E. Professor Messias Freires.
“Havia um (buraco) enorme no meio da rua, abrimos várias ocorrências no 156, porém levou mais de três meses para resolverem. Agora apareceu um novo”, relata Airton Barbosa, 41, fiscal de ônibus que trabalha do lado do problema.
Além dos automóveis e dos pedestres, também trafegam na via veículos pesados como caminhões e ônibus.
Já na Vila das Belezas, frequentadores do Bowl Arariba, conhecido também como Praça da Vila das Belezas, na rua Doutor Gabriel Costa, reclamam da falta de revitalização do espaço. Ele é o principal ponto de encontro dos skatistas da região.
Espaço de lazer no Parque Arariba, no Campo Limpo, sofre falta de manutenção @Leonardo Nunes/Agência Mural
Merem Freire, 41, skatista e morador do bairro, ressalta que são os próprios esportistas que se unem para fazer a manutenção do único parque dedicado ao esporte no entorno. “Os coletivos e moradores fazem vaquinhas e, a partir daí, aos poucos vão sendo feitas as melhorias. A Subprefeitura vem só para retirar o lixo da praça”, sinaliza.
O que diz a gestão?
Em nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras afirma que foram investidos, de janeiro a setembro de 2023, R$ 2 milhões em ações de zeladoria na região. E no Campo Limpo, no mesmo período, foram tapados mais de 6 mil buracos.
Além disso, a administração municipal diz realizar semanalmente ações de readequação de vias e reformas de praças, fiscalização em estabelecimentos, inclusive durante o período noturno, e uma programação de poda, bem como a limpeza de córregos.
Sobre a nova sede da Subprefeitura Campo Limpo, esclarece que, com a troca de sede, houve uma redução nos custos com aluguel. Anteriormente, o custo mensal era de R$ 223 mil, incluindo aluguel, água, luz, limpeza e vigilância. Agora, com a locação atual, o custo mensal é de R$ 219 mil, já incluindo os serviços mencionados. Uma redução de 1,80% nos gastos.