O que o Brasil, Belize, República Dominicana e a Venezuela têm em comum? Além de estarem na América, o quarteto está no topo da lista de países com o maior número de mortes no trânsito da região, por 100 mil habitantes, segundo relatório divulgado neste ano pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A Venezuela é a campeã, com 45,1, e o Brasil o quarto, com 2,34, por cada 10 mil habitantes.
Afunilando essa estatística para Aricanduva/ Vila Formosa, na zona leste, a subprefeitura local ficou acima da média em 2015, no quadro geral da cidade, com 0,87 mortes para cada 10 mil moradores, conforme dados recentes do Observatório Cidadão.
Enquanto manteve exatamente no mesmo índice de mortes em relação a 2014, a subprefeitura vizinha, Vila Prudente, reduziu o quadro em 15% no mesmo período.
Morador do distrito de Aricanduva há cinco anos, Victor dos Santos Pereira, 21, conta que sua rotina mudou depois de trocar o Parque São Lucas, no distrito de Vila Prudente, também na zona leste, para o novo endereço.
“No meu antigo bairro, tudo era muito mais acessível, principalmente no transporte e mobilidade urbana, já que eu morava próximo a estação de metrô e todas as vias principais eram de fácil acesso. Passei a andar de bike, mas ainda vivo preocupado em chegar atrasado aos lugares onde preciso ir”, afirma o estudante de design gráfico. Para ele, grande parte do congestionamento na região está ligada aos acidentes de trânsito.
Ambas as subprefeituras, no entanto, são as únicas da zona leste a terem taxas acima da média em comparação às 12 subprefeituras da região. A Vila Prudente também tem o que comemorar em relação ao índice de mortes por acidentes de automóvel. Por lá, diminuiu em quatro vezes os casos entre 2014 a 2015.
Em contrapartida, o mesmo não pode ser dito sobre o novo endereço de Santos. Em Aricanduva/ Vila Formosa, aumentaram em 140% os casos de óbitos nesse quesito durante o mesmo período, e ela tornou-se a segunda subprefeitura mais numerosa. À frente está somente Parelheiros.
Prova disso, Santos conta já ter presenciado diversas histórias “marcantes”. “Eram quase três horas, eu e meu pai voltávamos da Mooca, quando presenciamos o atropelamento de um motoqueiro por um carro. O motorista fugiu e o motoqueiro sequer se mexeu. Deixou apenas um rastro enorme de sangue na pista, falecendo na hora”, recorda o assistente de criação e arte.
Enquanto o status não muda para melhor, Santos afirma que se mantém sempre em alerta. “Vou continuar com a atenção dobrada em cima da magrela para que eu mesmo não vire relato um dia”, finaliza.