O que o rap tem a ver com a cultura mexicana? Há 5 anos, essa união tem marcado presença no Jardim da Conquista, no distrito de São Mateus, na zona leste de São Paulo, com um evento criado por rappers do bairro.
Carlos Mariano (L.A QDL), 42, Rogério de Souza Viegas (Big Bill), 41, e Francisco Lázaro Ferreira (Japão QDL), 45, formam o grupo de rap Quadrilha do Leste e criaram o “Sintonia Geral”, um dia que cria uma festa mexicana embalada pelo hip hop. O último encontro ocorreu no dia 27 de abril de 2025 e a ideia é repetir a ação anualmente.
A iniciativa surgiu a partir do trio e foi abraçada por moradores de bairros do distrito e também de fora.
Ainda na infância, os rappers ficaram curiosos pela história do rap e dos lowriders – carros com o sistema de suspensão modificado e por isso andam rebaixados e conseguem pular; e as lowbikers – um estilo de bicicletas customizadas mais baixas e compactas. Tanto os lowriders, quanto as lowbikers são símbolos de identidade e expressão dentro das periferias e ícones visuais e culturais do hip hop .
A imersão foi tamanha que o grupo se apaixonou pela cultura mexicana ao estudarem o rap desse país, marcado por resistência, ancestralidade e valorização da coletividade.
O rap mexicano, embora compartilhe traços com o hip hop americano, assim como o brasileiro, tem as próprias características, influências e subgeneros, como o rap chicano, que reflete experiências de mexicanos-americanos e chicanos.
Eles encontraram conexões enquanto latino-americanos, como a força das periferias, do legado familiar e da arte como ferramenta de transformação social. Também abraçaram a cultura chicana que inclui o movimento pachuco, que recebe referências indígenas, de religiosidade popular, como a fé em Nossa Senhora de Guadalupe e faz uso de murais para contar suas histórias.
Além disso, o encontro ainda reúne a venda de bonés, camisetas, rifas para manter o evento de maneira independente e gratuita para os moradores.

