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Cantora de 'Minha Rapunzel tem Dread', MC Soffia quer mais cultura para as periferias

Aos 16 anos, a adolescente canta músicas sobre empoderamento de meninas negras nas periferias

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Divulgação

Por: Patrícia Vilas Boas | Cleberson Santos

Notícia

Publicado em 08.12.2020 | 7:34 | Alterado em 22.11.2021 | 15:54

Tempo de leitura: 3 min(s)

Representatividade sempre foi pauta para Soffia Gomes da Rocha, mais conhecida como MC Soffia, 16. A cantora de hip hop nascida na Cohab Raposo Tavares, zona oeste de São Paulo, busca, por meio das composições, trazer questões como o racismo, machismo e o preconceito.

As canções “Barbie Black”, “Menina Pretinha”, “Empoderada”, “Minha Rapunzel tem Dread”, “Maravilhosa”, e outras, refletem seu objetivo de estimular a autoestima em jovens como ela e, principalmente, empoderar e valorizar suas raízes. 

Algumas delas, por exemplo, tratam das personagens infantis e a falta de ligação com a história das crianças negras. “Crie uma princesa que pareça com você”, diz trecho de “Rapunzel tem Dread”.

Desde pequena, Soffia sempre esteve ligada à música. A mãe dela, a produtora cultural Kamilah Pimentel, foi quem fez a ponte e apresentou o movimento hip hop na periferia à filha. 

“Entrei no movimento hip hop porque minha mãe já era desse movimento, ela trabalhava com eventos culturais. A gente conheceu um projeto que se chamava o ‘Futuro do Hip Hop’”. Foi lá onde ela desenvolveu o interesse pelo estilo musical.

O Futuro do Hip Hop é um projeto cultural itinerante de oficinas gratuitas para crianças e adolescentes, idealizado pela Dj Vivian Marques, em 2009, na capital de São Paulo.

A partir de então, a carreira de MC Soffia só cresceu cada vez mais. Em 2015, já despontava na grande imprensa como revelação mirim. No ano seguinte, junto de Karol Conka, ela se apresentou na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

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MC Soffia canta desde a infância e aborda representatividade negra nas músicas

“Eu era uma pessoa muito sonhadora, e ainda sou, e vim da quebrada. Então sempre tive o sonho de chegar longe, de mostrar o meu trabalho.”

Em 2018, em entrevista à Agência Mural, contou como a entrada na música supreendeu o público. “O povo achava que eu ia cantar ‘borboletinha está na cozinha / fazendo chocolate para a madrinha’, mas eu mandava logo um rap”, explica. “Era engraçado”.

Com uma bagagem cheia de conquistas, ela já se apresentou e concorreu em premiações nacionais e internacionais infanto-juvenis, como a “Meus Prêmios Nick”, e recentemente foi homenageada no evento internacional “She’s My Hero”, promovido pela World Woman Foundation, ao lado de grandes figuras femininas mundiais.

“Cheguei onde eu estou por conta da minha família, por conta da minha mãe, por conta do meu talento. Acreditei muito nele, nunca desisti.”

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Soffia sempre esteve ligada à música e cresceu na Cohab Raposo Tavares @Divulgação

A rapper espera que mais jovens de quebrada possam ser reconhecidos pelo seu talento no futuro. “Muitas pessoas daqui da quebrada são talentosas”, diz. 

“Espero que elas tenham mais oportunidades, porque é a gente que cria cultura, é a gente que vai e faz as coisas com força, com garra. Infelizmente, nós somos muito invisibilizados, mas a gente vai nessa luta aí para sempre, para que dê certo, que todo mundo da quebrada vença na vida.”

Para os próximos anos, espera que a região onde cresceu ofereça mais oportunidades. “Sempre tive que sair da minha quebrada para poder fazer alguma coisa [cultural]. Queria que tivessem diversas fábricas de cultura, onde cada andar era uma profissão”, afirma, citando possibilidades como tocar piano, cantar e dançar.

“Essa profissões iriam abrir o olho dessas pessoas da periferia e falar ‘Nossa, eu quero isso para minha vida’.”

*Esta reportagem faz parte da série Crias da Quebrada, com a história de dez jovens das periferias de São Paulo

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Patrícia Vilas Boas

Jornalista em formação. Curiosa, gosta de sol, praia e um bom livro nas horas vagas. Correspondente da Vila Curuçá desde 2019.

Cleberson Santos

Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.

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