Criada há 3 anos, a Casa de Cultura de São Mateus é um espaço de resistência. O lugar é fruto da luta do Fórum de Cultura da região, que há cinco anos reivindicou um centro para fortalecer a cultura local. No início, o espaço cultural era administrado pela Prefeitura Regional, porém as atividades eram escassas e não havia estrutura adequada.
“Depois que a Secretaria da Cultura assumiu a coordenação, começamos a oferecer oficinas voluntárias. Lembro que as pioneiras foram a de teatro e de capoeira”, comenta a coordenadora, Stefani Trindade, 24. Hoje, a Casa de Cultura recebe cerca de 300 pessoas por mês e conta com 16 oficinas e atrações aos finais de semana. Em julho, mês do rock, 25 bandas da região se apresentaram no palco da Casa.
Um dos objetivos do Programa de Metas da Prefeitura de São Paulo é aumentar em 15% o público total frequentador dos equipamentos culturais da cidade. A Casa de Cultura de São Mateus está nessa meta, que tem como linha de ação a requalificação estrutural do lugar. Mas os problemas não se encerram na estrutura, que é antiga. A localização, a inexistência de acessibilidade e a intolerância de moradores próximos também são obstáculos.
“Esse vidro aqui – aponta – foi quebrado por um vizinho. Já coletaram até assinaturas para tirar a gente daqui”, desabafa Stefani, que é estudante de cinema. Ela também reconhece que a mudança de endereço é o melhor para a Casa. “Além da questão da acessibilidade, a localização é ruim para o público. Estamos buscando alguns lugares”, diz Stefani.
O técnico de áudio da Casa, Igor Becyk, 37, também sente falta da presença dos artistas e afirma que há desconhecimento dos próprios moradores sobre o espaço. “Recebi a ligação de um morador que não sabia que aqui ficava a Casa de Cultura. Espero que os artistas e a comunidade ocupem e se apropriem”, afirma.
A estudante Rita Silva, 19, costuma frequentar o espaço quando há shows. “Como a Casa de Cultura fica no meio de um bairro, preciso pegar um ônibus e andar. Se fosse na avenida seria melhor. São poucos os ônibus que passam por lá”, comenta a moradora.
A Casa de Cultura de São Mateus recebe um público diverso, que vai desde crianças a idosos. Para Stefani, a região precisa de mais espaços culturais para os jovens. “Quando você não está em um equipamento de cultura, não está assistindo a um filme legal, você está ali desconectado, só vivendo no seu quadrado e aberto a energias ruins”, conclui. Atualmente, o local vive de doações e do apoio da Secretaria Municipal de Cultura, que atua na contratação de artistas locais e na elaboração da programação do Circuito Municipal de Cultura. O órgão também é responsável pelas reformas necessárias no imóvel.
Além da unidade de São Mateus, a região administrada pela prefeitura regional homônima ainda conta com a Casa de Cultura São Rafael, situada no distrito de mesmo nome.