Hospital Santa Marcelina Cidade Tiradentes. É manhãzinha da última quarta-feira de novembro. Um grupo de crianças, entre quatro e cinco anos, brinca nos corredores enquanto espera ser atendido. As conversas e risos alegres amenizam o clima do ambiente, geralmente tenso.
Três delas retornam após cirurgias recentes. Isabela, 4, está se recuperando de uma hérnia. A mãe Íris Araújo, 30, afirma que não precisou esperar meses a fio para cuidar da doença da filha.
“Viemos de uma UBS do Jardim Soares [em Guaianases, também no extremo leste]. Não demorou para fazer a cirurgia. Todo o procedimento do encaminhamento até a operação durou pouco tempo”, diz Íris, que mora em Guaianases.
A internação de Isabela foi uma das 2.810 realizadas com crianças de zero a cinco anos apenas na Cidade Tiradentes, região líder em internações em leitos hospitalares pediátricos da rede pública e conveniada.
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Esse retrato é mostrado pelo Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, divulgado na última terça-feira (5) pela Rede Nossa São Paulo e pela Fundação Bernard van leer.
Na Cidade Tiradentes o total de internações infantis corresponde a um percentual de 104%. O índice também é altíssimo na Vila Prudente (zona leste), com uma taxa de 98% e no Butantã (zona oeste), com 91%.
Já as prefeituras regionais com os menores registros são a Sé (região central), com 16%, Pinheiros (zona oeste), com 11%, e Ipiranga (zona sul), com 8%.
A pediatra Fernanda Guimalhães assegura que, apesar do alto número de internações, o tratamento fornecido às crianças é de qualidade e humanizado, com equipe especializada e multidisciplinar.
“A média de permanência na enfermaria pediátrica é de três a cinco dias, e as doenças respiratórias são as mais frequentes de internação”, afirma a médica, que também é diretora técnica do Hospital da Cidade Tiradentes, sem explicar as possíveis razões para isso.
Assim como a pequena Isabela, Renan, 4, também havia sido internado na unidade hospitalar e estava de volta para procedimentos pós cirurgia.
“Recententemente estive aqui. Faz oito dias que meu filho fez cirurgia. Ele foi muito bem atendido. Desde a hora que cheguei até a hora que fui embora, em tudo o hospital foi muito atencioso. Achei igual ao convênio, parece até hospital particular”, diz, satisfeita, a mãe de Renan, Cristiana Bolmann, 31, que mora no Conjunto Habitacional Inácio Monteiro, na Cidade Tiradentes.
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Patrícia Ribeiro, 32, que vive em São Miguel Paulista, diz que já esteve na unidade outras vezes, e comemora o atendimento. “É a segunda vez que venho para este hospital, e é sempre é bem rápido o atendimento”, relata Patrícia, que estava acompanhada do filho pequeno.
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