Um palco aberto para MC’s periféricos, o coletivo Grajaú Rap City atua na zona sul de São Paulo desde 2011. Além das batalhas semanais, realizam até uma Copa, circuito de batalhas que dura cerca de quatro meses.
No início do projeto, o foco era a produção de eventos e oficinas culturais pela quebrada, mas depois de alguns anos a proposta mudou e passaram a organizar as batalhas de rima para dar visibilidade aos artistas locais.
Gabriel Muniz, 27, conhecido artisticamente como Gah MC, foi quem trouxe essa ideia ao grupo. As batalhas do coletivo são realizadas no calçadão do Centro Cultural Grajaú.
“Estruturamos como seria a nossa batalha e desde então vem crescendo descomunalmente, já colocamos 10 mil pessoas nesse calçadão [no Grajaú]”, conta.
Gah MC era envolvido com outras batalhas de MC’s, dentre elas a Batalha do Santa Cruz (que rola na saída da estação Santa Cruz, na linha 1-Azul do Metrô). Por lá já passaram Emicida, Projota e Rashid, por exemplo.
Falta de apoio financeiro
As batalhas têm como objetivo dar palco aos que ainda não são conhecidos e não têm oportunidade de se apresentar em eventos maiores. Mas o desafio de continuar firmes nesse propósito é a falta de dinheiro.
Segundo o produtor Pacson Cardoso da Silva Santos, 21, todos que fazem parte do projeto contribuem como podem. “Não temos apoio financeiro, nós organizadores e produtores trabalhamos com cinema, então usamos as ferramentas e conhecimentos para fazer acontecer as batalhas”, diz.
E fizeram acontecer até uma Copa das Batalhas, em parceria com o VAI (Programa Para a Valorização de Iniciativas Culturais), da Prefeitura de São Paulo.
Ali os artistas divulgaram os trabalhos “no quintal de casa”. O circuito passou duas vezes pelas regiões do Campo Limpo, Parelheiros e Grajaú. Cada eliminatória teve um classificado para a edição final da Copa.
Finalistas da Copa Grajaú Rap City
O encerramento da Copa, em julho, chegou a reunir um público de 500 pessoas no calçadão do Centro Cultural Grajaú.
Entre rimas de conscientização e sobre a realidade de quem vive nos extremos da cidade, houve MC’s que aproveitaram para deixar rimado o quão foi importante a imunização contra a Covid-19. Também tiveram refrões do momento histórico que o país vai passar com as Eleições 2022.
MC Ariel, 20, foi a única mulher participante. Ela foi campeã em 2019 e 2020, porém foi desclassificada nesse circuito. “Perdi para o MC Riaj. O que eu tinha para fazer no Grajaú, por enquanto, eu fiz. Agora quero ganhar em outras regiões.”
O vencedor da edição deste ano levou para casa R$1 mil. MC Djaneiro, 17, de Parelheiros, conseguiu o primeiro lugar. “Esse ano tem sido o melhor ano pra mim nas batalhas, ganhei muita premiação, minha mãe vai ficar muito feliz quando eu chegar com o valor do prêmio.”
Djaneiro ficou conhecido em sua primeira batalha por usar o termo “De janeiro a janeiro” várias vezes como suporte de rima.
Quem garantiu o segundo lugar foi o MC Riaj, 21, que recebeu o prêmio de R$400. E MC KP alcançou o terceiro lugar, com premiação de R$200.
Acompanhe as redes sociais do Grajaú Rap City para saber a programação das próximas batalhas e eventos.