Mãe e professora de educação infantil, Sandra Gonçalves, 43, de Itapevi, na Grande São Paulo, transformou o momento desafiador do diagnóstico de autismo da filha, em 2007, em um projeto para apoiar outros pais e mães atípicos, como são conhecidos os cuidadores de crianças ou adultos com necessidades especiais, sendo uma delas o transtorno do espectro autista.
“A gente acolhe as mães e pais justamente para eles não se sentirem só, como eu me sentia. Naquela época, quase não se falava sobre autismo como hoje, então a gente acolhe, abraça, ajuda, esse é o foco do grupo”, comenta Sandra.
A educadora criou um grupo no Facebook para acolher esses pais e falar sobre o assunto. O projeto cresceu e se expandiu para outras redes sociais. Atualmente, conta com mais de 300 membros, incluindo mães, pais, avós e outros familiares de crianças atípicas das cidades de Itapevi e Jandira, na Grande São Paulo.
O suporte ocorre por meio do WhatsApp, Instagram e Facebook, e para o ingresso dos responsáveis é necessário a apresentação do laudo médico da criança ou adolescente com autismo.
Além do suporte on-line, o grupo também realiza palestras em escolas públicas, privadas e instituições com o projeto “Mães e Pais Azuis” em que compartilham experiências e conhecimentos sobre o universo da maternidade e paternidade atípica.
O projeto também oferece apoio jurídico e orientação sobre os direitos das pessoas com autismo, proporcionados por uma parceria com uma advogada. Além disso, a rede lançou o “Empreendedorismo Azul”, uma iniciativa com o objetivo de capacitar mães e pais atípicos a empreenderem e contribuírem para a renda familiar, que inclui cursos profissionalizantes gratuitos, como manicure e cabeleireiro, entre outros, oferecidos na ONG Ser Amor em Itapevi.
“O empreendedorismo azul me ajudou muito a montar minha microempresa. Hoje, consigo cuidar dos meus filhos financeiramente sem sair de casa, e isso é algo muito importante para mim”, relata Gabrielle Brito, 31, coordenadora e pedagoga, mãe atípica da Isabelly, 12.
Gabrielle é uma das cinco administradoras responsáveis pelas redes sociais do grupo. Com apoio do projeto empreendedorismo Azul, ela criou sua própria empresa de design para compor a sua renda e conciliar os cuidados com a filha, que possui dificuldades de locomoção.
Outra iniciativa do grupo é a organização da caminhada anual em prol da conscientização sobre o autismo. Neste ano, o evento ocorrerá neste sábado (6), no centro de Itapevi. Esta será a sexta caminhada, e a expectativa é de que cerca de 500 pessoas participem, sendo a primeira vez que o ato ocorrerá em um sábado, em contrapartida aos domingos nas edições anteriores.
“É necessário lutarmos pelos nossos direitos, ajudar as mães e pais atípicos da nossa comunidade Alto da Colina, Cohab e Areião em Itapevi e região ganharem voz”, afirma Gabrielle.
O trajeto da caminhada começará em frente à loja Caedu no centro de Itapevi, com concentração às 8h30 e início às 9h, percorrendo os principais comércios da cidade em direção à rotatória da Cohab.
O percurso terá duração aproximada de uma hora, com apoio logístico para pessoas com mobilidade reduzida e suporte de estrutura fornecido pelo Demutran e Samu.
Para a pedagoga Aline Regina de Castro, 31, uma das administradoras do Mães e Pais Azuis, o ato além de conscientizar a população da cidade, pode aproximar novos pais e mães que precisam de suporte.
“A caminhada dá empoderamento a essa mãe que sai com seu filho que é visto pela sociedade como inadequado. Ela sai junto com a gente, ela tem coragem e orgulho de mostrar quem ele é. A caminhada também consegue trazer novas mães para o grupo que estejam precisando de apoio”.
Para participar do acolhimento oferecido pelo grupo Mães e Pais Azuis, basta seguir o perfil no Instagram @maesepaisazuis.itapevi