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Com ‘meia cancela’, moradores e motoristas atravessam trilho em Itapevi mesmo após alerta

Por: Carol Lima

Pare. Olhe. Escute. É o que indica uma placa de sinalização na estação Santa Rita, em Itapevi, na Grande São Paulo, onde circulam os trens da linha 8-diamante. Apesar dela e do sinal de alerta sonoro, atravessar os trilhos têm sido um risco que muitos enfrentam na região mesmo com um histórico de colisões.

Na estação Amador Bueno, por exemplo, há uma ‘meia cancela’, ou seja, a barreira colocada para evitar a passagem de veículos e pedestres bloqueia apenas um lado da via, o que não impede quem queira se arriscar.

A Agência Mural esteve na região e presenciou em menos de um minuto um pedestre e dois veículos atravessando os trilhos mesmo depois do sinal do apito do trem. Até mesmo um caminhão atravessou no espaço, onde a cancela fecha apenas metade do espaço.

As ocorrências de colisões entre trens e automóveis no município já causou vítimasem 2010 e 2015. A linha antes era liderada pela antiga CPTM (Companhia de Transporte de Trem Metropolitanos) e desde o começo de 2022 é gerida pela ViaMobilidade.

Um dos locais de risco foi fechado em 2016. Era a estação Engenheiro Cardoso, que teve essa passagem fechada após a construção do Viaduto Ameríndia com passagem de pedestres. Uma pessoa morreu ali em 2010 e outra em 2015.

Motorista cruza trilho em Amador Bueno @Léu Britto/Agência Mural

A última ocorrência na cidade foi em 2022 com uma batida entre um carro e o trem na estação Santa Rita, uma das cancelas mais ativas da cidade, por ser divisão dos bairros Portela e Santa Rita.

Apesar de não ter ocorrências desde o ano passado, moradores ouvidos pela Agência Mural indicam que a região ainda causa preocupação. “Tem muitas crianças que passam por aqui, os carros não prestam atenção e acabam ultrapassando a cancela, da mesma forma que as motos e isso atrapalha até os pedestres que saem da estação”, afirma a passageira Aline Matos, 34, que usa a estação Santa Rita.

“Aqui no Santa Rita é meia cancela, e não chega totalmente até o fim da rua, as pessoas acabam não respeitando, deveria ter mais de dois seguranças para proteção”, afirma Aline.

A CCR- ViaMobilidade afirma que os seguranças utilizam apito, bota protetora e colete reflexivo para controlar a passagem dos pedestres. Também cita a buzina do trem, cancelas, sinaleiro, placa de sinalização e dois portões manuais de acesso.

Cancelas cortam bairros em Itapevi e moradores preferem atravessar por ali do que sobre a passarela @Léu Britto/Agência Mural

O vendedor ambulante João Victor da Silva Ramos, 19, passa diariamente na cancela do Santa Rita para vender doces e salgadinhos aos passageiros da região. “Em relação às cancelas aqui do Santa Rita poderiam melhorar em relação ao trânsito que depois das 16h às 17h é um trânsito imenso. Em relação a segurança, a noite é mais perigoso infelizmente”, declara.

“Fizeram recentemente a passarela, mas as pessoas acabam não utilizando tanto, deveriam fechar o acesso das cancelas para pedestres, tinha que deixar apenas o acesso para o trem para que não venha ocorrer nenhum tipo de acidente”, ressalta Michael Renan, 34, morador do bairro de Amador Bueno comenta.

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Várias cancelas

Esse tipo de passagem vem sendo substituída por passarelas e viadutos ao longo do tempo, mas ainda está bem presente em várias regiões.

Atualmente existem três cancelas ativas da ViaMobilidade na cidade de Itapevi:uma na estação Santa Rita e duas na estação Amador Bueno. Além disso, a empresa também conta com uma cancela na capital, na estação Júlio Prestes.

Há ainda para pedestres nas estações Antônio João e Carapicuíba, onde os moradores atravessam os trilhos para chegar à comunidade Porto de Areia. Na estação Quitaúna, uma passarela e um viaduto foram instalados, mas ainda há a divisória em frente ao quartel.

ONDE ESTÃO AS CANCELAS

Há 6 cancelas contabilizadas pela ViaMobilidade e outras 11 cancelas nas linhas administradas pela CPTM. Confira as estações abaixo:

linha 8
  • Amador Bueno e Santa Rita, em Itapevi;
  • Antonio João, em Barueri
  • Carapicuíba;
  • Júlio Preste, em São Paulo
linha 7
  • Água Branca (PN Água Branca),
  • Jaraguá (PN Jaraguá),
  • Caieiras (PN Caieiras)
Linha 10
  • Rio Grande da Serra (PN Rio Grande da Serra)
  • Ribeirão Pires ( PN Ribeirão Pires)

 

Linha 11
  • Mogi das Cruzes (PN Deodato, PN Cabo Diogo, PN Campo Sales e PN Nami Jafet)
  • Jundiapeba (PN Jundiapeba)
  • Braz Cubas ( PN Caravelas)

Em nota, a ViaMobilidade afirma que todo acionamento de cancelas é feito de forma automática. O sistema detecta a aproximação dos trens nos cruzamentos e já começa a baixar a cancela. Em conjunto, é acionado um sinaleiro luminoso piscante e um sonorizador para chamar a atenção dos condutores de veículos.

A empresa cita que são obrigatórias as placas: Pare-olhe-escute, a cruz de Santo André e a indicação de quantas linhas terá que atrevessar.

Por fim, diz que todos os materiais utilizados são homologados e devem atender os requisitos de segurança aplicáveis. As equipes de manutenção realizam inspeções periódicas semanais e verificam todo o funcionamento do equipamento. Em caso de avarias ou incidentes, atuam de forma imediata para normalização.

Já a Prefeitura de Itapevi declara que nos últimos anos vem investindo em sinalização vertical e horizontal, que foram instalados radares em pontos de grandes fluxos de pedestres, e atualmente a cidade vem investindo em um sistema semafórico moderno.

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