A audiência pública para discutir o Plano de Metas 2017-2020 da gestão Dória começou com atraso na Cidade Ademar, zona sul da capital paulista. Com horário oficial para às 14h30, ela teve o seu início adiado em 10 minutos, tempo para que o público, ainda tímido, chegasse. Nas primeiras falas, o chefe de gabinete da prefeitura regional, João Donizetti, fez questão de enfatizar que as metas divulgadas são preliminares, o que não diminuiu o tom crítico do público presente.
A mesa, composta pelo prefeito regional, Júlio Carreiro, pelo subsecretario de Relações Governamentais, Milton Flávio, que apresentou o Plano de Metas, e pelo vereador Rodrigo Goulart (PSD), foi se desfazendo antes mesmo do público chegar ao microfone para sugerir propostas para o Plano. O primeiro a deixar o local foi o vereador Goulart, pois queria ainda passar por outras audiências em regionais próximas. Alguns minutos depois foi a vez do subsecretário, pois iria visitar os pais no interior do estado.
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Desde 2008, os prefeitos eleitos são obrigados a apresentar um plano de governo detalhado de sua gestão em até 90 dias contados a partir de sua posse. Neste ano, o plano da gestão João Doria (PSDB) foi apresentado à população nas 32 prefeituras regionais simultaneamente. Ele está divido em cinco eixos temáticos: Econômico e Gestão, Urbano e Meio Ambiente, Social, Humano e Institucional. Enxuto, ele tem 50 metas atreladas a 69 projetos.
Com público de aproximadamente 80 pessoas, suficiente para ocupar a maioria das cadeiras no espaço da prefeitura regional, o microfone foi aberto à população logo após a fala do Carreiro. Com discursos diretos, temas como moradia e educação pautaram a maioria das reivindicações dos presentes, que não se intimidaram perante as câmeras que gravavam a audiência, mandando recados diretos ao prefeito João Dória (PSDB).
“Saí do Buraco do Sapo, perdi roupa, alimento, tudo. Foi a ocupação que me recebeu, me deu moradia”, diz Joyce Maria Feitosa, 20, do movimento de moradia CECASUL (Centro de Cidadania e Ação Social Sul). Presentes no local, o movimento reivindicou, entre outros temas, a construção de uma unidade do CEU (Centro de Educação Unificada) na região, mais vagas em creches e uma atenção especial à moradia. “O aluguel aqui é muito caro, não é que não queremos pagar. Precisamos que barateiem esses custos”, diz a moradora Clair Helena, 40, também integrante do movimento.
O número de metas anunciadas pela gestão Dória é o menor na comparação com os antecessores. Na gestão Haddad, 123 metas foram anunciadas, e 223 na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab. A diminuição foi criticada pelos movimentos. “Depois de muitas dificuldades, conseguimos definir a área [para implantação do CEU]. Estamos confiantes de que a nova gestão dê continuidade, pois é um projeto que irá beneficiar toda a nossa comunidade”, diz Osvaldir Freitas, 53, da CECASUL “Precisamos aumentar o número de metas para creches. Queremos que seja por números, não por porcentagens”, completa.
Segundo dados do Observatório Cidadão, a Cidade Ademar está entre as piores regiões em número de matrículas efetuadas em creches municipais, com cerca de 8 mil crianças matriculadas, ante 14 mil em Guaianases, zona leste da capital. Nas metas anunciadas, está prevista, até então, a expansão em 30% nas vagas ofertadas pela prefeitura.
Sob a gerência da prefeitura regional da Cidade Ademar está o distritos homônimo e o de Pedreira. Juntos, eles somam uma população de 424 mil pessoas, ante 224 mil da regional vizinha, o Jabaquara. O que leva, segundo moradores, a região de Pedreira ficar desassistida pelo poder público. “A Pedreira não precisa da regional Cidade Ademar, precisa de uma regional própria. Às vezes tem coisas aqui que não chega até lá (sic)”, enfatiza José Eberton, 55, morador de Pedreira, ao chegar ao microfone.
Segundo o prefeito regional, Júlio Carreiro, a participação popular é importante para atingir o objetivo, que é atender os moradores. “A prefeitura regional dá o suporte para a prefeitura central colher essas informações e construir um Plano de Metas que seja o mais real possível, perto dos anseios da população”, finaliza.
O Plano de Metas da gestão Dória foi anunciado em 30 de março, no entanto, a consulta pública ocorrerá até 30 de abril. A versão final, acrescida de sugestões populares, será entregue em 30 de junho.
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Fotos: Vagner Vital