Barra Funda, Vila Leopoldina, Jaguaré, Jaguara, Lapa e Perdizes são os seis distritos que dão vida à Subprefeitura da Lapa, na zona oeste da capital paulista. Somados eles têm mais de 305 mil pessoas.
A história da região se remonta aos idos de 1581, no então processo de povoamento de São Paulo de Piratininga. Na segunda metade do século passado, no começo do apogeu da economia cafeeira, São Paulo inaugurou uma linha ferroviária para ligar Santos a Jundiaí, passando pela capital paulista.
Em terras paulistanas, a Água Branca, na zona oeste, foi a contemplada, mais tarde, tendo paradas simples também na Lapa, ainda um bairro incipiente. Naquele tempo, pequenas propriedades rurais predominavam os loteamentos.
EM CIMA, EMBAIXO
A origem do nome vem com a história dos funcionários transferidos para trabalhar em instalações de oficinas e na estação da S.P.R – São Paulo Railway. A “Lapa de Baixo” passa a ganhar vida, de moradias ao comércio, com mestres de oficinas, escriturários, chefes de trens e um ou outro operário.
Algumas décadas mais tarde, a “Lapa de Cima” ganha tons com a chegada dos bondes que vinham do centro da cidade à rua Guaicurus, uma das principais vias da região, onde está instalada, inclusive, a Subprefeitura da Lapa, fazendo aumentar o comércio e valorizando o bairro.
De lá para cá, a Lapa de hoje reúne 65 mil moradores, em sua maioria classe média, em bairros como Alto da Lapa, Bela Aliança e Vila Romana.
Dentro da multifacetada subprefeitura está o distrito de Perdizes, o mais populoso do sexteto. Mais de 111 mil habitantes ocupam os bairros do local, desde 1940 também declarado classe média.
Ainda naquela década, foi fundada a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), uma das mais importantes instituições de ensino do país, no bairro de Perdizes, área que para o CRECI é “zona de valor A”.
Para Robson Emílio, 49, de fato, o distrito ostenta a alcunha de classe média, com custo de vida bem alto. O professor e ator mora na região há sete anos, depois de se mudar da região central, onde sempre viveu.
“Desde um simples café na padaria, lojas e supermercado, existe também uma sensação de segurança, mas que, na realidade, é apenas uma sensação. Existem problemas também de violência, mas não nas proporções de outros centros e periferia”, ressalta.
Em função de trabalhar e morar na mesma região, Emilio pontua a melhoria na qualidade de vida, além da vizinhança com bairros com vida noturna agitada. “Aqui é caminho para alguns lugares de vida noturna como Vila Madalena e Pinheiros. Nesse aspecto não tem a muvuca da Vila Madalena, mas é próximo”, afirma.
Entre os prós e os contras de morar no “bairro rico”, o ator destaca a facilidade do acesso a transporte e cultura, mas reclama do preço inflacionado na prestação de serviços.
“Tudo é caro apenas pelo fato de você morar numa região dessas. Se mora aqui, é porque tem dinheiro. E isso não é necessariamente uma verdade”, pontua ele, que é profissional liberal.
“Utilizo transporte público, ônibus e metrô, e também serviço público de saúde, que atendem as minhas necessidades. Sinto falta de uma biblioteca pública. Tem atividades culturais de rua que são ótimas opções de lazer, como algumas festas e shows musicais”, diz.
BARRA FUNDA
Com uma população quase dez vezes menor, a Barra Funda é a que tem menos moradias em relação aos outros cinco distritos da Lapa. Mas, os pouco mais de 14 mil moradores dividem espaço com equipamentos culturais, como o Memorial da América Latina, e conhecidas emissoras de televisão, como RecordTV e a TV Cultura. O Terminal Intermodal Barra Funda é um dos mais relevantes da cidade ao reunir todos os tipos de transporte coletivo.
Segundo o Observatório Cidadão, a Subprefeitura da Lapa não pode reclamar do quesito cultural. É uma das três mais abastecidas de espaços culturais públicos, com 19 equipamentos em 2015, atrás somente do Butantã e da Sé. Apenas em relação à salas de cinemas, são 23, ocupando o quarto lugar, depois de Pinheiros, Santo Amaro e Sé.
Entre 2014 e 2015, a região elevou taxas de indicadores como saúde, infância e adolescência, entre outros. Decresceu o número de casos de gravidez na adolescência, como o de agressões a crianças. Também viu aumentar a quantidade de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e diminuir a quantidade de mortes por câncer.
A subprefeitura é administrada pelo engenheiro agrônomo, José Antonio Varela Queija. Ele já trabalhou como coordenador de Obras na Subprefeitura da Casa Verde. Na mesma subprefeitura atuou como subprefeito de 2004 a 2005. Em seguida, exerceu a função de assessor técnico. Também foi coordenador de Projetos e Obras da Subprefeitura Pirituba/Jaraguá, até ser nomeado Chefe de Gabinete da mesma subprefeitura. Assumiu a Subprefeitura da Lapa em dezembro de 2014.