Não é de hoje que o preço da carne vermelha está em alta (em fevereiro deste ano o valor médio caiu 1,22%, mas cortes como a picanha custam por volta de R$ 50 o kg). O produto virou luxo na mesa de muitos brasileiros e até mesmo item de prêmio em rifa. Essa foi a alternativa encontrada pelo vendedor de pisos laminados Izack Cândido da Silva, 53, para ter uma grana extra.
“A ideia surgiu de uma conversa com o meu sobrinho. Estávamos falando de arrecadar um valor extra para o orçamento familiar e então pensamos nas rifas”, explica ele, que é morador de São Mateus, na zona leste de São Paulo.
Não foi difícil pensar no prêmio ideal: pacotes de picanha e barris de cerveja, que eram oferecidos a amigos e conhecidos. A cada rifa, o investimento ficava em torno de R$ 750 com a compra dos produtos e o vendedor conseguia lucrar, em média, R$ 500.
Além disso, a época do ano ajudou o negócio a decolar. “Tudo começou próximo à Copa do Mundo [em novembro de 2022] e das festividades de fim de ano”, diz Izack.
Tudo pelo celular
Conhecida como uma alternativa de arrecadação para projetos, ONGs e causas sociais, as rifas têm se tornado cada vez mais presentes por motivações pessoais. E o que tem ajudado é a facilidade para tirar a ideia do papel.
Para Izack, o WhatsApp tem sido uma ferramenta importante, já que ele não precisa vender as cartelas pessoalmente. Cada rifa é composta por 25 grupos (com quatro dezenas em cada um) e são vendidos pelo valor de R$ 50. Tudo é pago via Pix.
“Vendo as cartelas muito rápido e tenho até pensado em transformar isso em uma renda permanente”, conta.
Quanto ao sorteio, o vendedor explica que concilia o resultado da Loteria Federal [todas as quartas e sábados] com as rifas da semana. “A dezena sorteada no primeiro prêmio é a ganhadora”, explica ele, que divulga o resultado pelo WhatsApp, onde tem o contato dos compradores.
Essa também foi a solução para Fernanda de Lima Gomes Carvalho, 17, que se deparou com a necessidade de juntar dinheiro durante a gestação do filho.
“Decidi fazer a rifa porque precisava comprar algumas coisas e não tinha o total do dinheiro. Coloquei o valor de R$ 150 como prêmio e fui vendendo pelo WhatsApp mesmo”
Fernanda de Lima, moradora de Itaquera
Moradora de Itaquera, também na zona leste da capital, a jovem está sem trabalho no momento e também pretende transformar as rifas em uma fonte de renda. Neste primeiro caso, ela conseguiu vender 90 dos 100 números disponíveis, cada um por R$ 20.
“Consegui atingir meu objetivo de arrecadar o total que precisava. Como não tenho profissão, quero seguir nisso mais para frente”, completa.
Segundo ela, até mesmo pelas redes sociais, como o Instagram, é possível montar uma rifa sem grandes gastos, apenas compartilhando imagens da cartela a ser sorteada e marcando os números já comprados pelo público.
“Viabilizar as rifas tem sido uma esperança para ganhar o mesmo do que em outros trabalhos, só que de casa, enquanto fico com meu filho”, completa ela.