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Como as eleições 2018 podem mudar o acesso à universidade

Marcos Santos/USP Imagens

Por: Rafael Balago

A troca de comando do país a partir de 2019 pode mudar as condições de quem busca entrar na universidade e também para quem já está nela. Os dois candidatos, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm visões diferentes sobre a função do ensino superior e sobre as formas de facilitar o acesso dos jovens a ele.

No entanto, os dois não devem fazer da universidade uma prioridade. Haddad promete centrar forças no ensino médio e Bolsonaro, na educação básica e no ensino médio/técnico. A eleição será no domingo (28). 

Estudantes vindos das periferias tiveram o acesso à universidade facilitado por programas como o Prouni, o Fies e o Sisu. Cotas para alunos de escolas públicas e para negros e índigenas também serviram para aproximar jovens das faculdades. Os candidatos não falaram sobre mudanças nestes três programas ao longo da campanha, mas divergem no tema das cotas e sobre a cobrança de mensalidade em universidades federais.

Haddad promete ampliar os investimentos no ensino superior, enquanto Bolsonaro pretende reduzi-los. A seguir, um resumo das propostas para a área universitária.

COTAS
Bolsonaro é contrário às cotas para negros entrarem em universidades, e disse ser a favor de considerar apenas a renda. “Eu sou contra a forma de cotas que está aí, que prejudica o próprio negro. Você bota cota para negros, a princípio quais negros têm mais facilidade de passar? O negro filho de negro bem de vida. Eu defendo a cota social. A racial, não”, disse o candidato durante um ato de campanha em agosto.

Haddad defende a promoção de políticas que ajudem os negros a terem melhores condições de vida. “A promoção da igualdade racial e a garantia de direitos dos povos indígenas e negros constituem prioridade estratégica. Na prática, isso significa o enfrentamento ao racismo institucional”, diz o candidato em seu programa de governo.

PROUNI, FIES E SISU
Nenhum deles cita mudanças nessas ações em seus programas de governo. O ProUni prevê bolsas em universidades privadas para estudantes de baixa renda. O valor das mensalidades é pago pelo governo. No caso do Fies (Financiamento estudantil), o estudante financia o pagamento em parcelas a longo prazo. O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) utiliza as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para selecionar  estudantes de escolas públicas para universidades federais e estaduais. 

COBRANÇA DE MENSALIDADE
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, a equipe de Bolsonaro pretende instituir a cobrança de mensalidades nas universidades federais para alunos de maior renda, mas sem citar qual seria o limite de ganho mensal.

Em suas redes sociais, Haddad criticou a ideia do adversário.

Unifesp da zona leste ainda não foi concluída; nos últimos meses, unidade teve protestos após anúncio do corte de verbas (Sheyla Melo/Agência Mural)

INVESTIMENTOS
Haddad promete “voltar a investir no ensino superior e ampliar os investimentos em ciência, tecnologia e inovação. Universidades e Institutos Federais serão fortalecidos, interiorizados e expandidos com qualidade e financiamento permanente. Serão recompostos os orçamentos das universidades e institutos federais”, segundo seu programa de governo.

Em entrevista em agosto à Globo News, Bolsonaro disse que pretende “tirar mais recursos de cima (do ensino superior) e jogar mais no ensino infantil, fundamental”. Na mesma conversa, ele criticou o interesse dos jovens em fazer faculdade. “Há uma certa tara por parte da garotada em ter um diploma (superior). É bom? Sim, vamos ter nossos mestres, nossos doutores, sim. Mas se você no Ensino Médio colocar algo técnico, melhora nossa economia.”

FUNCIONAMENTO DA UNIVERSIDADE
Para Bolsonaro, o ensino superior deve ter vocação mais empresarial. “As universidades precisam gerar avanços técnicos para o Brasil, buscando formas de elevar a produtividade, a riqueza e o bem-estar da população. Devem desenvolver novos produtos, através de parcerias e pesquisas com a iniciativa privada”, defende em seu programa de governo.

Haddad não cita mudanças nas funções da universidade em seu programa de governo e promete trabalhar pelas metas do Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014, que prevê aumentar a proporção de professores universitários que sejam mestres ou doutores para 75% do total até 2024. Em 2017, essa proporção era de 57%. Outra meta é aumentar o número de formados na pós-graduação para 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.

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EMPREGO DEPOIS DE SE FORMAR
Haddad promete criar meios para facilitar a contratação dos negros que se formam nas universidades. “Embora as ações afirmativas tenham ampliado a presença dos negros e negras em órgãos do Estado e nas universidades, as desigualdades raciais não tiveram diminuição relevante no mercado de trabalho. Por isso, o governo adotará medidas para a indução da valorização dos negros e negras, visando a equiparação salarial e maior presença nos postos de chefia e direção”, aponta em seu programa de governo.

Bolsonaro afirma que as universidades devem estimular os estudantes a criar negócios. “O jovem precisa sair da faculdade pensando em como transformar o conhecimento obtido em enfermagem, engenharia, nutrição, odontologia, agronomia, etc, em produtos, negócios, riqueza e oportunidades. Deixar de ter uma visão passiva sobre seu futuro”, defende o candidato em sua lista de propostas.

Na zona sul, a história dos primeiros da família na universidade

https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/08/28/sem-dinheiro-universidade-federal-em-itaquera-nao-tem-prazo-para-comecar/

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