Após mais de oito horas de discussão, a Câmara dos Deputados aprovou em primeira votação a reforma da previdência. O texto muda regras das aposentadorias e prevê uma idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres para a solicitação do benefício. Também altera regras de pensão por morte.
O texto teve a votação favorável de 379 deputados, contra 131 contrários. Essa maioria também foi vista entre parlamentares que são de cidades da Grande São Paulo ou que têm como reduto eleitoral as periferias da capital.
A Agência Mural contabilizou ao menos oito deputados com origem na região metropolitana que votaram a favor do texto base da reforma. Outros três votaram pela rejeição do texto.
Durante o dia, uma das votações mais polêmicas foi a de Tabata Amaral (PDT), que vem da Vila Missionária, na periferia da zona sul da capital. Tabata foi favorável ao texto, mesmo contrariando o partido que determinou o voto contrário aos membros da sigla.
Ainda na capital, deputados que têm como principal ponto de votação a zona sul de São Paulo divergiram no voto.
Com foco na região de Parelheiros e no Campo Limpo, Alexandre Leite (DEM) votou a favor do projeto. Ele é filho do presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite (DEM). Outro que tem familiares na zona sul, na Capela do Socorro, é Nilton Tatto (PT), que seguiu o partido e foi contrário ao texto.
Na Grande São Paulo, os poucos legisladores contrários à reforma também pertencem ao PT. É o caso de Alencar Santana, deputado com origem em Guarulhos. Candidato à prefeitura guarulhense em 2016, Eli Corrêa Filho (DEM) votou a favor do texto.
No ABC paulista, Vicentinho (PT) votou contra a reforma, enquanto Alex Manente (Cidadania), candidato a prefeito em 2016 em São Bernardo do Campo, apoiou o projeto.
Também seguiram a PEC a deputada Bruna Furlan (PSDB), de Barueri, Marco Bertaiolli (PSD), ex-prefeito de Mogi das Cruzes, e Márcio Alvino (PL), ex-prefeito de Guararema. Renata Abreu (Podemos), mais votada em Osasco, também seguiu o parecer.
DEPUTADOS COM REDUTO NAS PERIFERIAS DA CAPITAL
Alexandre Leite (DEM) – São Paulo, zona sul. Votou a favor.
Nilton Tatto (PT) – São Paulo, zona sul. Votou contra.
Tabata Amaral (PDT) – São Paulo, zona sul. Votou a favor.DEPUTADOS DE CIDADES DA GRANDE SP
Alencar Santana (PT), Guarulhos. Votou contra.
Alex Manente (Cidadania), São Bernardo do Campo. Votou a favor.
Bruna Furlan (PSDB), Barueri. Votou a favor.
Eli Corrêa Filho (DEM), Guarulhos. Votou a favor.
Márcio Alvino (PL), Guararema. Votou a favor.
Marco Bertaiolli (PSD), Mogi das Cruzes. Votou a favor.
Renata Abreu (Podemos), reduto em Osasco. Votou a favor.
Vicentinho (PT), São Bernardo do Campo. Votou contra.
Texto base
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 6/2019 prevê mudanças nas regras de aposentadoria. Aumenta o tempo para conseguir o benefício e limita o valor à média de todos os salários. A proposta original do governo, contudo, foi mudada na Câmara, que retirou alguns temas do texto.
O texto final, contudo, ainda depende da votação de destaques no texto apresentados pelos deputados. Há propostas que podem alterar o texto base, ou acrescentar novas regras.
O governo alega que a reforma é necessária porque há déficit nas contas da previdência. A oposição concorda que são necessárias mudanças, mas discorda do modelo. Aponta que os mais afetados serão os mais pobres.
Além da Câmara dos Deputados, para entrar em vigor, a reforma da previdência terá de passar pelo Senado.
Moradores de SP tentam se aposentar antes da reforma da previdência