A analista de atendimento Bruna Cavalcante, 22, diz estar em um ‘beco sem saída’. Ela vive na Vila Ayrosa, na zona norte de Osasco, bairro perto da capital, e que é onde houve mais mortes por Covid-19, no município – foram 28.
“Estou de quarentena há quase quatro meses, sem sair de casa e mesmo assim tem muita gente nas ruas, bares da região se aglomerando, cada vez mais só vai aumentar o número”.
Osasco tem uma das maiores taxas de mortalidade por causa do novo coronavírus. Até 7 de julho, eram 520 perdas em todo o município – cerca de 74 por 100 mil habitantes – mais do que a cidade de São Paulo.
O bairro de Bruna não é uma exceção. Dos seis bairros com mais mortes em Osasco, cinco estão na zona norte. Entre eles estão a Vila Menck (28 perdas), o Rochdale (25), o Munhoz Júnior (24) e o Helena Maria (20). Eles ligam de ponta a ponta a região, saindo do limite com São Paulo até o limite com Barueri, cidade vizinha.
“Os moradores parecem viver em um mundo paralelo. As ruas estão sempre cheias e movimentadas”, conta a assistente administrativa Stefany da Silva Braga, 35, que vive na Vila Menck.
">Covid-19 em Osasco | ||
">Bairro | ">Casos | ">Mortes |
">Vila Menck | ">322 | ">28 |
">Ayrosa | ">250 | ">28 |
">Rochdale | ">331 | ">25 |
">Veloso | ">324 | ">25 |
">Munhoz Júnior | ">296 | ">24 |
">Helena Maria | ">211 | ">20 |
">Bandeiras | ">228 | ">15 |
">Novo Osasco | ">302 | ">14 |
">Jardim Conceição | ">281 | ">14 |
">Padroeira | ">232 | ">14 |
">Santa Maria | ">204 | ">14 |
">Mutinga | ">194 | ">14 |
">Jardim Elvira | ">184 | ">14 |
">Jardim D’Abril | ">145 | ">14 |
">Bela Vista | ">105 | ">14 |
">São Pedro | ">219 | ">13 |
">Jardim Roberto | ">210 | ">13 |
">Aliança | ">176 | ">13 |
">Piratininga | ">242 | ">12 |
">Bussocaba | ">136 | ">12 |
">Vila Yolanda | ">128 | ">11 |
">Quitaúna | ">124 | ">11 |
">Centro | ">188 | ">10 |
">Santo Antônio | ">141 | ">10 |
">Vila Campesina | ">41 | ">9 |
">Jaguaribe | ">189 | ">8 |
">Jardim das Flores | ">116 | ">8 |
">Vila Osasco | ">116 | ">8 |
">Portal D’Oeste | ">113 | ">8 |
">Vila Yara | ">92 | ">8 |
">Baronesa | ">164 | ">7 |
">Pestana | ">139 | ">7 |
">Km 18 | ">110 | ">7 |
">Cidade das Flores | ">93 | ">7 |
">Cipava | ">92 | ">6 |
">Bonança | ">77 | ">6 |
">Remédios | ">63 | ">6 |
">Presidente Altino | ">131 | ">5 |
">Umuarama | ">125 | ">5 |
">Três Montanhas | ">41 | ">5 |
">IAPI | ">100 | ">4 |
">Continental | ">106 | ">3 |
">City Bussocaba | ">54 | ">3 |
">Adalgisa | ">75 | ">2 |
">Industrial Anhanguera | ">33 | ">2 |
">Bonfim | ">16 | ">2 |
">Santa Fé | ">15 | ">2 |
">Metalúrgicos | ">92 | ">1 |
">Raposo Tavares | ">53 | |
">Setor Militar | ">14 | |
">Industrial Remédios | ">5 | |
">Jardim Nogueira | ">2 | |
">Jardim Paulista | ">2 | |
">Total | " data-sheets-formula="=SOMA(R[-53]C[0]:R[-1]C[0])">7442 | " data-sheets-formula="=SOMA(R[-53]C[0]:R[-1]C[0])">511 |
Por outro lado, ela diz concordar com a reabertura gradual do comércio, se tomadas as medidas de prevenção.
Nesta sexta-feira (10), Osasco passou para a fase amarela do chamado Plano São Paulo, que permite a reabertura de bares e restaurantes. Antes, alguns estabelecimentos como shoppings já tinham iniciado a reabertura.
“Estão autorizados a funcionar seis horas por dia e foram orientados a organizar o revezamento de seus funcionários, a fim de evitar a lotação do transporte público nos chamados horários de pico”, afirma a Prefeitura de Osasco.
No entanto, mesmo antes de avançar para a nova fase, a reabertura desses comércios era vista em boa parte da cidade.
VEJA TAMBÉM:
Confira o avanço de casos de Covid-19 na Grande São Paulo
Se sair, não leve o coronavírus para casa; Veja orientações
Sepultadores relatam pressão no trabalho e o preconceito contra a profissão
“Não acho que chegamos em um nível de decaída segura ou estabilidade para reabrirmos. Mas entendo a necessidade de alguns comerciantes”, diz Vitoria Ferreira, 19, desempregada, moradora do Rochdale.
Bairro marcado por enchentes no começo do ano, o Rochdale é onde houve mais casos confirmados da Covid-19, são 331, até esta semana. A região cresceu ao redor de afluentes do Rio Tietê e vive há décadas com obras em andamento que prometem o fim das enchentes.
Este ano, além das chuvas, a Covid-19 tem sido o desafio. Para Vitória, apesar das orientações “não houve aceitação ou cumprimento por boa parte dos moradores”.
ZONA SUL
Apesar da zona norte ter registrado locais com o maior número de vítimas, em geral, a Covid-19 se espalhou por todo o município. A prefeitura registra casos em 52 bairros, 48 deles tiveram ao menos um óbito.
Do outro lado do rio Tietê, na zona sul, o Jardim Veloso é o que concentra mais casos com 324 e 25 mortes. Vizinho dele, o Novo Osasco também ultrapassou os 300 moradores com coronavírus e foram 14 óbitos.
Sobre a situação da cidade, a Prefeitura diz que acompanha dia a dia a situação da doença. “Desde 19/5, a Prefeitura testa pacientes nas Unidades Básicas de Saúde. A realização dos testes permite o acompanhamento diário, mesmo dos pacientes que ficam em isolamento em casa”, afirma a gestão.
Atualmente, a ocupação de leitos é de 49,4% nas UTIs e de 22% na enfermaria. “A Prefeitura também tem condições de ampliar o número de leitos, caso necessário”, diz a gestão, que diz ter 93% de índice de pacientes curados.