A Operação Sono Tranquilo, que era coordenada pelo subprefeito Oziel Souza com o apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana desde o início de 2017, foi descentralizada da subprefeitura de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, entre agosto e setembro de 2018.
O comando da ação, que fiscaliza e dispersa bailes funks irregulares, agora está nas mãos da Secretaria Estadual da Segurança Pública (como já é feito em todo o município).
“A priori, a Operação Sono Tranquilo foi uma operação piloto. Um laboratório para mostrar às forças de segurança pública e à população que o serviço integrado dá resultado”, diz Souza.
Munícipes que moram em vias onde frequentemente ocorrem os chamados “fluxos de rua” reclamam da diminuição do efetivo após a descentralização.
“Já faz meses que a polícia não interfere. O baile funk na rua vai até de manhã com som alto. Quando o Oziel estava no comando direto, o policiamento ficava mais em cima. Agora voltou tudo como era antes”
Jéssica Meira, moradora de uma via paralela à rua Tiago Apóstolo Maior
O serviço que autua a perturbação do sossego na capital paulista em outros bairros é integralmente de responsabilidade da Polícia Militar de São Paulo, por meio de denúncias no telefone 190.
O subprefeito também afirma que enviou um ofício para continuar uma ação na rua Cachoeira do Campo Grande, no Barro Branco. No local, todos os domingos ocorriam os bailes funks, apesar de nunca ter acabado efetivamente.
“Solicitei para o governador [João Doria, PSDB] e tive um retorno. Teremos uma audiência com o alto comando da Polícia Militar de São Paulo para estudarmos a possibilidade de montarmos uma operação específica de atuação 24 horas nos locais onde ocorrem pancadões. Não só em Cidade Tiradentes, mas em toda a capital”, conta.
Mesmo se o pedido do subprefeito for atendido pelo Governo do Estado, a operação continuará a ser coordenada pela Secretaria Estadual da Segurança Pública. “O papel das subprefeituras será na autuação de estabelecimentos fora dos padrões de funcionamento e que motivem essa aglomeração irregular”, completa Souza.
A operação
Para a moradora Jéssica, 27, que concorda com a necessidade da Operação Sono Tranquilo, os pontos de vistas são variáveis nas proximidades.
“Quem tem um estabelecimento se beneficia porque o movimento aumenta, então essa operação não é legal para esses comerciantes. Poderia ter outro meio”, comenta.
Escudos táticos e granadas de gás lacrimogêneo faziam parte do aparato das tropas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana no momento da entrada nas ruas onde existem os bailes funks.
“Eu achava a operação um pouco violenta, pois até quem não estava envolvido na bagunça era prejudicado. Eles [os policiais] chegavam quase atropelando as pessoas. Se um estabelecimento estivesse aberto, eles quebravam as coisas. Transferir esses fluxos de rua para um local fechado resolveria o problema”, comenta Evilyn Silva, 17, moradora da região.
Evilyn também reclama que, há alguns meses, observa que as viaturas vêm até a rua com menos frequência. “Antes, quando vinham junto ao Oziel, sempre faziam o fluxo parar, mas agora não”, reclama a munícipe.
O subprefeito Oziel Souza afirma que sempre aguardava a dispersão da maior parte das pessoas e que a maioria dos comércios estava fechada quando as tropas adentravam a via. Um comerciante da região, onde são realizadas as operações, foi procurado pela reportagem, mas preferiu não participar.