De acordo com dados do Mapa da Desigualdade, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, 15 das 32 subprefeituras da cidade não contém salas de cinema, como Guaianases, na zona leste, Pirituba, na zona norte, e M’Boi Mirim, na zona sul. Ao contrário delas, aquelas que fazem parte do centro expandido, como Sé e Pinheiros, contabilizam cada, 65 e 51 salas respectivamente.
Essa lacuna do acesso a salas de cinema, sobretudo em regiões mais afastadas, são reflexo do surgimento do Circuito SPCine, lançado no primeiro semestre deste ano.
No último mês, o teatro do CEU Vila do Sol, no Jardim Ângela, se tornou o mais recente a virar uma verdadeira sala de cinema: agora com tela com projeção digital e som à la home teather.
Gratuita e aberta ao público, a sala faz parte do SPCine, iniciativa da Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Desde março, já foram instaladas outras 15 salas nos teatros dos CEUs (Centro Educacional Unificado), e na Galeria Olido, no centro da cidade. Estes espaços receberam equipamentos de ponta e uma programação regular. Até o fim do ano, mais quatro salas serão abertas.
“É a mesma tecnologia existente em salas do centro expandido. Antes disso, esses locais não contavam com programação de cinema. As exibições de filmes aconteciam a partir de DVDs em uma tela branca. Agora é uma experiência ‘100% cinema’: som, imagem e bilheteira”, revela Guilherme Mariano, assessor do SPCine.
Segundo Mariano, as salas de cinema do SPCine buscaram contemplar pelo menos uma subprefeitura de cada região da cidade. “Além de afastadas, nosso critério foi sobretudo a questão da vulnerabilidade social”, explica.
Subsidiados pela Prefeitura, os bilhetes são gratuitos para sessões nos CEUs e nos centros culturais. Já na Galeria Olido e no Centro Cultural São Paulo (que será lançado este ano), são cobrados de R$ 4 a 8.
De Angry Birds a filme com Glória Pires
A auxiliar administrativa Daniela Horácio, 29, moradora do Jardim Jaqueline, na zona sul, já assistiu a alguns filmes do circuito SPCine do CEU Butantã.
“Sempre quando tenho tempo, chamo amigos e vou. O problema é que só frequenta quem conhece o CEU. Tenho conhecidos que nem sabem o que acontece por lá. Tão perto de casa, mas nem procuram saber”, lamenta.
Para o motorista da Uber, Denis Santos, 33, é preciso mais divulgação. “Tenho uma filha que, inclusive, estuda no CEU. Agora nas férias seria um bom momento para ela estar lá, vendo filmes. Mas nem ela sabe. Podiam distribuir panfletos, por exemplo”, aconselha.
No entanto, de acordo com Mariano, até agora mais de 58 mil espectadores já passaram pelas salas do circuito SPCine, que exibem desde blockbusters a produções nacionais. “Damos mais espaço para cinema nacional. Mas exibimos também animações como Angry Birds, que está em cartaz”, salienta.