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‘Vim de lá’, ‘campo de concentração’: como as periferias apareceram no primeiro debate na TV em SP

Debate contou com cinco candidatos a prefeito de SP

Por: Guilherme Silva

Na noite da quinta-feira (08), os cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo participaram do primeiro debate das eleições de 2024, transmitido pela TV Bandeirantes.

O encontro teve temas como saúde pública, segurança, educação e as condições das periferias, em meio a tensão e troca de acusações entre os participantes.

Participaram Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tábata Amaral (PSB).

Ao longo do debate, as periferias estavam na ponta da língua dos candidatos, sendo frequentemente mencionadas como “carta coringa”.

Tábata, Boulos e Nunes destacaram ter origens periféricas, buscando conexão com os eleitores dessas regiões. Tabata abriu as falas saudando a Vila Missionária, bairro de Cidade Ademar, na zona sul. Nunes é da região da Capela do Socorro e Grajaú, enquanto Boulos do Campo Limpo, todos na zona sul.

Cinco candidatos participaram do debate @Renato Pizzutto/Band

Marçal também citou ter vindo de uma periferia – ele é nascido em Goiânia (GO). No entanto, gerou polêmica ao se referir às periferias como “campos de concentração”, criticando o que chamou de “romantização da favela”. Disse também que obra pública é feita para ‘abençoar’ as favelas, em nome da ‘prosperidade’.

Marçal falou que tem ido mais em favelas do que os concorrentes, e Boulos citou que ele nem sabe como chegar em alguns distritos, como o Grajaú.

Alvo de críticas dos demais participantes pela situação da cidade, Nunes também buscou contra-atacar, em um ponto que toca as quebradas. Ele questionou Datena sobre a atuação dele como apresentador de programas policialescos durante a carreira na televisão, inclusive nas periferias.

O candidato do PSDB foi lembrado por casos em que foi condenado a indenizar pessoas que foram expostas e acusadas de crimes em casos inocentados posteriormente. Datena se defendeu dizendo que apenas ‘acusa bandido’.

Eleição será em 6 de outubro @Renato Pizzutto/Band

A fila na saúde foi citada também pelos concorrentes a Nunes. Marçal e Boulos citaram a longa fila de espera.

Para saúde, o candidato Guilherme Boulos, além de reclamar da falta de remédios, explicou sobre o projeto de sua campanha chamada ‘Poupatempo da Saúde’, que visa combater as longas filas de espera por exames e consultas na rede pública municipal. Datena prometeu aumentar horário de atendimento e a contratação de médicos.

Tabata fala sobre espera por exame, da endoscopia em especial, e citou que o prefeito conseguiu fazer o exame, questionando se ele furou a fila. Nunes disse que fez grande parte de exames necessários no SUS para testar a eficiência do serviço.

Segurança e educação

Durante o debate, as periferias também foram citadas quando o tema foi segurança pública. Nunes mencionou a ampliação de concursos para a GCM (Guarda Civil Metropolitana), aumento de salário e investimentos em veículos e armamento, além do uso de câmeras com reconhecimento facial.

Boulos sugeriu dobrar o efetivo da GCM e implementar rondas escolares nas periferias, mas foi lembrado por Datena por falas sobre desmilitarização.

Eleição definirá novos prefeitos e vereadores @Magno Borges/Agência Mural

A falta de creches nas periferias da cidade também foi um ponto, na hora de tratar da educação. Datena comentou o descumprimento da meta de creches pelo atual prefeito e mencionou a chamada ‘máfia das creches’.

Ricardo Nunes rebateu as críticas mencionando vagas de creche em período integral, alegando que a fila foi zerada durante sua gestão.

Ele foi lembrado pelas acusações levantadas pela Agência Pública na série de reportagens chamadas “Todos os amigos de Nunes”, que mostrou decisões do prefeito, candidato à reeleição, que teriam beneficiado pessoas próximas a ele.

O prefeito também relembrou o programa ‘meu trampo’ em réplica, programa lançado pela prefeitura para apoiar criação de plano de negócios para jovens.

Falta de transporte

Um ponto que afeta os bairros distantes do centro é o transporte público. Boulos criticou a lentidão dos ônibus, a falta de novos corredores exclusivos e a redução na frota, apesar do aumento de subsídios às empresas de transporte.

Datena, por sua vez, destacou a necessidade de transparência no sistema de transporte público, mencionando que apenas 4 a 7 quilômetros de corredores foram entregues, dos 40 prometidos em campanha, enquanto Marçal falou sobre a criação de bolsões com sistema de teleférico.

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