“Perdi praticamente tudo na enchente do ano passado”, afirma Maria Lúcia, 23, moradora da Favela do Bói, próximo ao Córrego Ribeirão Lajeado. A história da jovem não é uma exceção na região do Itaim Paulista. Sempre quando há a ameaça de chuva, a preocupação de quem vive nos arredores dos córregos é enorme. A intervenção do controle de cheias nas bacias do Ribeirão Lajeado, Ribeirão Água Vermelha, Córrego Itaim, Córrego Tijuco Preto e do Córrego Três Pontes foi uma das demandas apresentadas pelo Conselho Participativo Municipal do Itaim Paulista na audiência do Plano de Metas, ocorrida no último sábado (8).
O controle de cheias não foi o único assunto abordado na ocasião. Demandas ligadas à saúde, moradia, segurança, meio ambiente e transporte também foram expostas. Para Leonardo Medeiros, a atenção para com a população idosa é outro assunto a ser pensado e executado. “O Itaim Paulista é distrito mais populoso da zona leste e não possuímos uma URSI (Unidade Referência à Saúde do Idoso) e nem uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento)”.
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Mas, o que chamou mesmo a atenção do evento realizado pela Prefeitura de São Paulo, no CEU (Centro Educacional Unificado) Vila Curuçá, foi o baixo quórum. Embora houvesse organização e estrutura para uma grande audiência, a pouca divulgação resultou na presença de 70 pessoas, sendo a maioria líderes comunitários.
Indagado, sobre a nota de prestação de serviço ter sido publicada no site da prefeitura, dois dias antes do evento, o prefeito regional José Agostinho falou que isso não foi um problema e a divulgação fluiu bem. “Antes mesmo de publicarmos no site, já estávamos comunicando a população via e-mail”. Para Agostinho, a não participação das pessoas não tem relação com a divulgação, mas com a descrença política.
Os três minutos concedidos para os que estavam na audiência também foram alvo de reclamação. Para a integrante do Conselho Participativo, Vânia Gabi, 50, eles não foram o suficiente e reclamou disso no microfone, mesmo sendo cortada inúmeras vezes por ter excedido o tempo. “Às audiências regionais e temáticas não foram inclusivas já que foram marcadas no mesmo dia e horário. Muitos ficaram de fora”, afirmou.
Além disso, ao final de sua fala, Vânia foi fortemente aplaudida quando disse que para ela a palavra ‘melhoria’ é muito subjetiva. “O que pode ser melhor pra você, talvez, não seja o melhor pra mim e para a população”. Outro bastante aplaudido foi Leonardo Medeiros, 50, que observou a falta de mulheres na mesa. Nela, estavam o prefeito regional, o chefe de gabinete, Agnaldo Firmino Júnior, o seu assessor adjunto, Gilmar Santos, e o Secretário de Habitação, Fernando Chucre. Nenhum vereador apareceu.
A primeira versão do Plano de Metas foi apresentada no dia 30 de março e durante o mês de abril a população poderá registrar as suas sugestões. No próximo dia 24 haverá a última audiência pública geral, que acontecerá na Câmara Municipal, às 15h. Em maio, o Plano de Metas deve ser revisto e no dia 30 de junho deve ser entregue a sua versão final.
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Foto: Danielle Lobato