No último sábado (15), moradores do Condomínio Miguel Costa fizeram uma manifestação pedindo a abertura dos portões e livre acesso para veículos ao condomínio, localizado em Osasco, Grande São Paulo.
O ato começou por volta das 13h, quando pessoas invadiram os trilhos da estação Quitaúna, da linha 8-diamante da CPTM, com cartazes e caixa de som. O ato durou até 14h.
O episódio mais recente aconteceu no começo do mês, quando na noite de domingo (9), dezenas de moradores tiveram prejuízos com os veículos depois dos alagamentos que atingiram a cidade.
A única entrada para o condomínio atualmente é pela barreira ao lado da estação Quitaúna da CPTM. No entanto, eles não foram autorizados a atravessarem os carros para o lado dos apartamentos, que ficam também ao lado do 4º Regimento de Infantaria do Exército. Com os veículos distantes, os moradores não conseguiram tirá-los antes das enchentes que atingiram o bairro no começo da semana e acumulam prejuízos.
A auxiliar de limpeza Suelen Soares, 32, foi à manifestação com a família. Ela também perdeu o carro na enchente do dia 9. “O cidadão não tem direito de ir e vir. Estamos lutando para ver se a gente vive uma vida de cidadão de bem”.
O caminhoneiro Anderson Aparecido Peralta, 32, foi um dos organizadores do protesto. Para ele, a solução é simples, mas enquanto não for tomada vai prejudicar os proprietários de carros.
“Nós aqui não sofremos com alagamentos dentro de casa, só que mais de 50 carros foram danificados, pois os veículos ficaram totalmente alagados”, disse. “Ninguém aqui é rico. Trabalhamos dia e noite para ter um conforto, um bem material. A gente só quer um portão”.
“A gente só precisa de um portão aberto”, completa a faxineira Patrícia da Silva Miranda, 40, que também relatou a dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência física e idosos nos acessos disponíveis.
A situação dos condôminos é acompanhada pela Mural desde abril do ano passado. Em junho do mesmo ano, os imóveis foram liberados, após a Justiça Federal determinar a entrega das chaves. Apesar disso, a entrada de carros particulares não foi permitida desde então, até que a prefeitura construísse um bolsão de estacionamento.
A Prefeitura de Osasco disse na sexta (15) que o impasse foi causado pelo Exército e pela CPTM no acesso ao conjunto residencial. Apesar disso, a Prefeitura sugeriu a construção de um viaduto de acesso, obra que deve custar R$ 20 milhões, mas o órgão ainda depende de recursos financeiros.
Por sua vez, a CPTM se defende sob a alegação de que veículos particulares não têm permissão para atravessar a via férrea, como determinou a Justiça, em setembro de 2019. A companhia complementou que cabe à Prefeitura de Osasco garantir as condições de mobilidade para os moradores.