Pessoas que moram principalmente em regiões mais afastadas do centro de São Paulo e necessitam de uma vaga em um leito hospitalar enfrentam uma verdadeira batalha pela vida na rede pública. Isto porque dos 96 distritos da capital paulista, 31 não possuem nenhum leito hospitalar, seja público ou particular. Desde 2012 a situação é a mesma.
O número total dos distritos que não possuem é maior do que em 2009, quando havia 28 distritos sem leitos. A recomendação do Ministério da Saúde é que uma cidade tenha 2,5 a 3 leitos hospitalares para cada habitante. Para os moradores do Jardim Paulista, por exemplo, essa taxa é mais do que respeitada. São 3.125 leitos para 89.577 moradores, contando os hospitais públicos e privados. Já em Parelheiros, no extremo sul da cidade, não tem nenhum para 145.342 moradores , segundo Observatório Cidadão.
“Eu tenho diabetes. Já aconteceu diversas vezes de vir aqui e não ter as insulinas da qual eu preciso”, diz a ex-feirante Conceição Aparecida, 60, moradora de Parelheiros. Indagada sobre a falta de leitos em sua região, ela diz que tem muito medo, pois com a diabetes, a sua saúde é muito instável.
Na outra ponta da cidade, na zona leste, a camareira Lúcia Santos, 30, contou sobre a dificuldade que teve com a sua mãe há alguns meses. “A falta de leito implicou em muitos fatores, como a transferência da minha mãe para um hospital em Guarulhos, com acesso extremamente difícil para mim, que estava como companheira e ainda precisava trabalhar”.
A Secretária Municipal da Saúde informou em nota que está em andamento a construção de duas novas unidades hospitalares, o Hospital Parelheiros e o da Brasilândia, na zona norte, e isso irá ampliar a oferta de leitos.
Para a construção do Hospital Municipal de Parelheiros já foram investidos R$ 140 milhões e outros R$ 60 milhões ainda serão repassados para a conclusão das obras. A unidade contará com 255 leitos e atendimentos na área de pediatria, cirurgia geral, ortopedista, ginecologista, radiologia, neonatologia, além de pronto-socorro, maternidade, centro de apoio de diagnóstico e 10 salas cirúrgicas. A previsão é que a obra seja concluída no segundo semestre.
Já as obras do Hospital Brasilândia estão passando por um processo de reavaliação do projeto referente aos recursos financeiros e atendimento das necessidades da região.
Ao 32xSP a secretaria informou que, mesmo sem tantos leitos hospitalares o SUS trabalha em rede, ou seja, os serviços são complementares. A porta de entrada para o atendimento se dá pelas unidades básicas de saúde ou prontos-socorros e o encaminhamento dos pacientes é realizado via central de regulação. “Nenhum paciente fica sem atendimento, todos os casos são avaliados e, assim como acontece em qualquer serviço de saúde, seja ele público ou privado, os casos mais graves e urgentes são priorizados.”