Desempregada, Cristiane Paizinho da Silva aproveitava o sol de uma quinta-feira ao lado de um amiga, no Parque Lydia Natalizio Diogo, na Vila Prudente, zona leste da capital paulista.
“Nascida e criada”, hoje, aos 30 anos, ela é moradora da Vila Alpina, um dos bairros mais conhecidos do território, também composto por outros jardins, parques e vilas, como Jardim Avelino, Parque da Vila Prudente, Vila Alpina, Vila Prudente e Vila Zelina.
“Eu gosto de morar aqui. Acho um bom lugar. Mas, claro, agora está melhor. Tem esse parque aqui, que é muito bom, e sempre está bem frequentado”, diz.
O Parque Lydia Natalizio Diogo ocupa uma área de 60 mil m². Nasceu como Parque Ecológico de Vila Prudente, em 1996, e foi substituído pelo nome atual, que homenageia uma célebre professora da região, em 2004. Conservado, o local conta com aparelhos para a prática de esportes, pistas de corrida arborizadas, lago de carpas e wifi livre.
Está localizado a 2,1 km da estação de metrô Vila Prudente, cerca de 20 minutos à pé. Para Cristiane, a estação, inaugurada em 2010, mudou “mil vezes a cara da região”. “Evoluiu bastante. Facilitou e muito, o acesso”, conta.
Vizinha de conhecidos distritos, como Mooca e Ipiranga, Cristiane revela outros destaques do local, como os centros de compra e o único crematório de São Paulo.
“Aqui nós temos o Central Plaza Shopping e o Mooca [Plaza Shopping], que são próximos aqui de casa. Sem contar o crematório, que está sempre cheio de famosos. Já vi vários”, revela.
Para a ex-auxiliar administrativa, aspectos como segurança e enchentes são alguns dos pontos negativos. “Uma vereadora enviou comunicado de alerta no ano passado a algumas casas sobre a falta de iluminação numa rua, o que estava gerando assaltos. Além das enchentes, que todo ano alagam aqui na Anhaia Mello”.
Com 10 km de extensão, a avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Melo é uma das mais importantes da cidade. A via cruza e liga, por exemplo, os distritos de São Lucas, Vila Prudente e Sapopemba.
Em Vila Prudente, além do distrito homônimo, há também o de São Lucas, onde vivem 142 mil moradores. Enquanto isso, no primeiro vivem 104 mil.
O NASCIMENTO
O surgimento da Vila Prudente foi registrado pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 7 de outubro de 1890. A minúscula nota dizia: “Nesta capital foi constituída uma empresa que adquiriu terras entre São Caetano e Mooca, com o fim de estabelecer uma vila que terá o nome encima citado nesta notícia (Vila Prudente), em homenagem ao governador do Estado, Dr. Prudente de Moraes”.
Mas quem fez história na região, transformando as terras de pasto em centro urbano, em 1829, foi João Pedroso. Dono de muitas terras na Vila Prudente, o comerciante se dedicava ao cultivo e plantio.
Os terrenos de Pedroso compreendiam uma extensão área que hoje dão lugar às vilas Ema, Diva, Guarani, Zelina, Bela, Alpina, Industrial, aos parques São Lucas e Santa Madalena, aos jardins Guairaca e Independência e à Fazenda da Juta.
Após a morte do comerciante, o herdeiro, Antônio Pedroso, e a sua esposa, Martinha Maria, passaram a administrar as terras do pai.
Em 1870, proprietária de terras que iam da Vila Prudente a Mooca e Belenzinho, a viúva decidiu vendê-las, duas décadas depois, a três irmãos imigrantes italianos que construíram a Fábrica de Chocolates e Confeitos Falchi. Ergue-se ali então uma vila industrial cheia de moradias para operários.
A fábrica dos Falchi impulsionou o desenvolvimento industrial e comercial da região. No início do século XX, depois da fábrica de chocolates, vieram outras importantes indústrias, como a Cerâmica Vila Prudente, a Indústria de Louças Zappi, a Manufatura de Chapéus Oriente e a Fábrica Paulista de Papel e Papelão.
De uma região quase deserta do final do século XIX, a Vila Prudente se transformava em uma grande vila fabril.
O então Presidente do Brasil, Prudente de Moraes, prestou apoio direto à iniciativa dos Falchi, e acabou sendo homenageado por eles, que batizaram o nascente distrito de “Vila Prudente de Moraes”.
Com a implantação de indústrias de papelão, cerâmica, louças e tecelagem, o sistema de transporte evoluiu, através dos ônibus e bondes, assim como os recursos de lazer.
De volta ao presente, atualmente com parque e metrô do lado de casa, o vendedor de sorvetes José Manoel dos Santos, 47, é taxativo e diz não ter do que se queixar da Vila Prudente. “Acho tudo bom, viu? Tem posto de saúde perto de casa, tem parque. Não tenho do que reclamar”, afirma.
Natural da Bahia, seu Manoel mora há 13 anos na capital paulista com a esposa, que é goiana. Entre idas e vindas à terra natal, agora de volta à Vila Prudente, ele diz que o bairro da Vila Zélia é seu lugar. “É um lugar seguro, sem violência. Só tenho a dizer que gosto muito daqui”, finaliza.
Segundo dados do Observatório Cidadão, o tempo médio de vida na região aumentou em 2015, de 70,24 anos para 70,63. Houve diminuição nos casos de mortalidade infantil e de mortes por causas externas (confira estes e outros dados aqui).
Foto: Governo do Estado de São Paulo