É hoje. A cada quatro anos, milhões de brasileiros saem de casa para escolher prefeito e vereadores na nossa jovem democracia, consolidada a duras penas. Mas o que exatamente queremos eleger para as quebradas?
O que queremos para o vizinho que acorda às 4h da manhã para chegar no trabalho às 8h? Ou pro filho da amiga que está desmotivado no ensino médio, sem perspectiva de terminar os estudos? Ou ainda, para a dona de casa da porta ao lado, que faz malabarismo para fechar as contas no fim do mês?
A gente se acostumou a ver as quebradas na boca de todos os candidatos da esquerda a direita, mas ainda não vimos a democracia chegar plenamente no nosso portão, garantindo pros nossos a igualdade de oportunidades tão prometida e tão atrasada.
Essa demora – se assim se pode chamar – nos custa muito caro. O preço de ver amigos vivendo em áreas de risco, vizinhos perdendo tudo nas enchentes, jovens sem conseguir o primeiro emprego. Já não podemos mais esperar.
Se sempre foi “nós por nós”, agora é hora de também ser “eles por nós”, afinal a democracia se constrói com as nossas mãos, na cobrança, no protesto, “na denúncia e no anúncio”, como diria o grande Paulo Freire.
As eleições abrem caminhos e o jornalismo comprometido com as quebradas ajuda a efetivar promessas, construir possibilidades e permitir novos futuros. Por isso, hoje votamos por todos os nossos. E amanhã, seguiremos no rastro dos eleitos também por todos os nossos.