Em 30 de janeiro, o Bike Sampa foi reinaugurado com a abertura de 25 estações, nas regiões de Pinheiros e Itaim Bibi, áreas onde sempre esteve bastante presente. No entanto, a promessa dessa vez é ir mais longe e, após quase seis anos, passar a atender também aos bairros mais afastados da cidade.
A Prefeitura de São Paulo anunciou que passará a ofertar empréstimo de bicicletas nas periferias, mas num modelo diferente: o usuário poderá ficar até 12 horas com o veículo. A ideia é que as pessoas usem a bike para ir do metrô ou terminal de ônibus até em casa à noite, e na manhã seguinte, pedalem novamente para iniciar sua jornada rumo ao trabalho ou à escola.
Os primeiros locais a receber essa modalidade, no início de março, serão os terminais de ônibus de Itaquera e Tatuapé (zona leste); Capelinha e Jabaquara (zona sul); e Vila Nova Cachoeirinha (zona norte).
A mudança pode ser o início de uma melhora na distribuição das estruturas públicas para ciclistas, que segue com presença mais forte nas áreas centrais. A oferta dessas instalações e serviços se dá de modo desigual. Há ciclovias em 29 das 32 prefeituras regionais, sendo que 25 delas contam com bicicletários públicos e, até janeiro, apenas dez eram atendidas pelo sistema público de empréstimo de bicicletas.
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Criado em maio de 2012 pela Prefeitura de São Paulo e pelo Itaú, o Bike Sampa nunca passou para o outro lado dos rios Tietê e Pinheiros. O sistema teve sua expansão congelada a partir de 2015 por falta de regulamentação. O termo de concessão inicial era de três anos. Depois que ele terminou, a prefeitura levou dois anos para criar um novo instrumento legal, que foi assinado em setembro de 2017.
Na ocasião, a gestão João Doria prometeu ampliar o número de bicicletas de cerca de 2.500 para 10 mil em um ano. O novo modelo de contrato prevê que empresas que operarem o serviço em bairros centrais terão de atender também a bairros mais afastados.
TUDO OU NADA
Áreas centrais, como Sé, Lapa e Vila Mariana, são bem atendidos pelos três serviços. Enquanto a ciclovia abre espaço para a realização da viagem de modo mais ágil e seguro, bicicletários e serviços de empréstimo ajudam os usuários a combinar a bike com outros meios de transporte. E também facilita a vida de quem ainda não tem sua bike ou não está com ela por perto.
Ao todo, os bicicletários públicos da cidade oferecem 6.149 vagas. Eles estão presentes em 25 prefeituras regionais, quase sempre próximos à estações de trem ou de metrô e de terminais de ônibus. Neles, os ciclistas podem prender a bicicleta em um lugar fechado, geralmente supervisionado, em vez de deixar em algum paraciclo ou grade na rua, por exemplo.
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Entre as sete regiões sem áreas públicas de estacionamento de bicicletas estão Mooca, Santana/Tucuruvi, Freguesia do Ó/Brasilândia, Vila Maria/Vila Guilherme e Cidade Ademar.
Em Pinheiros, há um bom exemplo: pessoas que trabalham no Itaim Bibi descem do metrô Faria Lima, pegam uma bike emprestada e pedalam por alguns minutos na ciclovia até seu local de trabalho. A opção é mais rápida do que enfrentar o trânsito de carros nos horários de pico.
Há também outro movimento: moradores de Pinheiros vão com suas bikes até um dos bicicletários do bairro, deixam a bicicleta nele e seguem viagem de metrô. À noite, pegam seu veículo de volta.
Outras regiões fora do centro, como Santo Amaro, Penha, Aricanduva e Vila Prudente também possuem esses três serviços, mas em menor quantidade.
Já Guaianases, na zona leste, não tem ciclovias, bicicletários ou empréstimo de bicicletas. “Para mim é normal andar de bike na minha área, mas já tive que escapar várias vezes de acidentes”, contou Renan Higgor da Silva, 20, ao 32xSP em novembro. “Conforme vou e volto ao trabalho, peguei as malandragens.”
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http://32xsp.org.br/2016/11/17/peguei-as-maladragens-de-andar-de-bike-diz-ciclista-que-vive-em-guaianases/