Os moradores do bairro Eldorado, em Diadema, no limite com São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, enfrentam dificuldades diárias para se deslocar. Com poucos ônibus municipais e vias esburacadas, atividades como ir ao trabalho e consultas médicas têm sido uma dor de cabeça.
A maioria dos questionamentos está concentrada na região da Estrada Pedreira-Alvarenga, onde se encontram algumas chácaras e o Cemitério Vale da Paz.
Quem depende de transporte público relata muita demora, de 25 a 35 minutos em dias da semana e de 30 a 40 nos fins de semana, além da falta de linhas municipais. Há apenas o 182 – intermunicipal que liga São Bernardo, no bairro Acampamento dos Engenheiros, ao Terminal Diadema, no centro.
Ônibus intermunicipal da linha 182, no terminal Diadema @João Vitor Carneiro/Agência Mural
“Para ir ao médico, ou ao centro, resolver as coisas, demora muito para chegar lá. Tenho que andar mais de 20 minutos da minha casa até o ponto. Falo para o médico, que vou às consultas enquanto tiver força”, diz Maria Aparecida Lima, caseira de uma das chácaras da região, 66.
Após chegar ao ponto, o tempo médio para chegar ao Terminal Diadema é mais de 30 minutos.
Nos fins de semana, a situação é pior. “De domingo só tem dois ônibus (da mesma linha e única disponível, o 182). Se perde um, tem que esperar o outro chegar até aqui, de 30 a 40 minutos. Tem poucos ônibus”, declara Maria.
Valdir Santos, 70, mora no Eldorado há 60 anos. Ele relata que, anteriormente, havia mais opções de ônibus, mas nos últimos anos foram retirados. A prefeitura não respondeu aos questionamentos da Agência Mural sobre o transporte na região.
‘Havia uma linha que ia até o Terminal Piraporinha, mas retiraram. Se não quiser andar mais, tem que pegar dois ônibus‘
Valdir, aposentado
Para ir ao terminal Piraporinha, ou o morador precisa tomar dois ônibus intermunicipais (182 e 112), ou caminhar até a Avenida dos Pereiras por um trajeto sem calçada de cerca de 30 minutos para pegar o 11EP ou 11J.
O ponto de ônibus na divisa de Diadema e São Bernardo @João Vitor Carneiro/Agência Mural
O fato de ser uma região localizada próxima do limite com São Bernardo faz com que as solicitações da população não sejam levadas em conta pela Prefeitura, segundo os moradores.
No aplicativo Collab, em que as reclamações de zeladoria são registradas, ao colocar o endereço da região, o app automaticamente pergunta para qual cidade é a solicitação, com isso, moradores acabam desistindo de abrir o chamado.
Prejuízos
No caso de quem tem veículo particular, há vias, esburacadas, sem sarjeta e sem sinalização.
A Estrada Maria Cristina, que fica parte em Diadema e parte em São Bernardo, é a que tem pior qualidade. Sendo parte de terra batida e parte de asfalto, os buracos tomam conta da via, além da falta de calçada e iluminação. Os pedestres têm que dividir a rua com os carros.
Estrada Maria Cristina esburacada, sem asfalto e com mato alto, em Diadema @João Vitor Carneiro/Agência Mural
Segundo proprietários de chácaras de eventos e locações, clientes desistem de fechar por conta do trajeto para chegar até lá.
“Como não tem uma iluminação adequada, não tem calçada, fica aquele aspecto de lugar perigoso. Parece que está esquecido. As pessoas ficam com o pé atrás”, diz Fernando Almeida, 34, empresário de uma casa de eventos no Eldorado.
Há também relatos de acidentes. Fernando conta que ao tentar desviar de outro veículo, principalmente quando estão de moto, pessoas acabam caindo.. “Teve gente que machucou a perna bem feio, outros já machucaram a mão e tudo mais, porque como é estradinha de terra, vai tentar desviar dos buracos, derrapa e cai.”

