Quando na madrugada de 31 de março para o dia 1º de abril de 1964 foi iniciado o golpe que derrubou o governo João Goulart, o Brasil dava início a um período de 20 anos de ditadura militar. Foram duas décadas da abolição de direitos, da perseguição do estado brasileiro contra opositores com prisões e tortura e o fim dos direitos políticos. Mas como foi esse período nas periferias?
A Agência Mural traz uma parte dessa história mostrando que o regime teve em diversas periferias de São Paulo e na Grande São Paulo.
A ditadura nas periferias reprimiu fortemente o movimento operário; sindicatos sofreram intervenção estatal, lideranças foram presas e torturadas, e bairros periféricos foram usados como ponto para esconder os corpos de vítimas do Estado. Por outro lado, outros grupos nasceram para lutar por direitos, como o Clube de Mães, o movimento pela saúde e contra a alta dos preços.
O período marca a história de São Paulo. Foi uma época em que as periferias explodiram no número de habitantes, muitas removidas de áreas centrais, enquanto a contrapartida de serviços públicos não chegou na mesma velocidade. A desigualdade persiste até os dias de hoje.
Para entender esse contexto, a Mural ouviu historiadores das quebradas, moradores que viveram nas periferias nessa época e trabalhadores que sofreram com a repressão. Eles também criticaram a decisão do governo federal, sob o comando do presidente Lula (PT), de não abordar os 60 anos do golpe.
Comissão da Verdade
A Comissão Nacional da Verdade traz uma série de fatos que marcaram as periferias de São Paulo. No relatório, cemitérios utilizados para enterrar vítimas como indigentes e assassinatos de operários estão entre as conclusões.
Movimentos e formação dos territórios
Em entrevista à Mural, o historiador Adriano Souza elenca os movimentos de resistências das periferias e, também, como o período da ditadura contribuiu para a formação da cidade de São Paulo nos dias de hoje, segregando populações nas periferias.
Pancadaria do Ó
Na Brasilândia, na zona norte de São Paulo, a escritora Sônia Regina Bischain relata como protestos na região eram repreendidos pelo governo e o episódio que ficou conhecido como a Pancadaria do Ó.
Mulheres na zona sul
A líder comunitária Adelia Prates atua há 45 anos no Grajaú e sofreu perseguição por atuar em prol de causas sociais na zona sul de São Paulo.
Greves
No ABC, dois sindicalistas no tempo da ditadura relembram a repressão e como a ditadura invadia também as fábricas.