Ano de eleições, desertos de notícias e das juventudes periféricas
Paulo Talarico
Por: Redação
Um ano de eleições municipais sempre é intenso e o tema certamente não ficará de fora de nenhuma retrospectiva 2024. Os eleitores foram às urnas eleger prefeitos e vereadores, com a expectativa de melhora na qualidade de vida para 2025.
Apesar disso, a votação de projetos que ameaçam derrubar o pouco de verde que há em São Mateus, é um dos exemplos de que os direitos das populações nas bordas das cidades seguem ameaçados. O mesmo pode se dizer da desigualdade.
Além disso, 2024 foi um ano em que mostramos o que é viver em um deserto de notícias – sem nenhum jornalismo local. Trouxemos como as juventudes estão se envolvendo com a política e os desafios para a geração Z das periferias, que busca mostrar que é muito mais do que os estereótipos do mercado de trabalho.
Confira um pouco de como a cobertura da Agência Mural vivenciou todas essas realidades e o compromisso de que, em 2025, nosso jornalismo local seguirá com ainda mais força cumprindo a missão que idealizamos há 14 anos – fazer jornalismo local sobre, para e pelas periferias, combatendo estereótipos e garantindo o acesso à informação.
Ano foi marcado por eleições municipais e as juventudes periféricas têm buscado espaço Magno Borges/Agência Mural
Por que fumo? A reportagem revela como se tornou comum um hábito crescente e preocupante entre adolescentes e jovens: o consumo dos chamados DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), como os cigarros eletrônicos, vapes e pods. Apesar dos danos à saúde, conquistam cada vez mais usuários nas periferias da Grande SP.
Em São Paulo, embora tenha sido aprovado desde fevereiro de 2023, o uso de cannabis para tratamentos de saúde ainda não havia tido nenhuma autorização, revela reportagem da Mural.
Março
O golpe militar completou 60 anos e o governo federal evitou fazer eventos para marcar a data. Mas nas periferias não houve esquecimento. Uma série mostra o impacto em diversas regiões de São Paulo da ditadura militar.
E onde estão as mulheres periféricas na política? Reportagem especial aponta os desafios da falta de representatividade na região metropolitana, onde apenas três mulheres foram eleitas em 2020.
Abril
A venda de conteúdo adulto na internet tem sido usada como uma alternativa de renda para pessoas das periferias. No entanto, a função é permeada por desafios e complexidades que vão além da exposição do corpo. Do outro lado da tela mostrou que casos de assédios e clientes invasivos são só algumas das situações vivenciadas por profissionais da área, que também precisam lidar com preconceito e conservadorismo.
Como é viver em uma cidade sem jornalismo local? Fomos a Pirapora do Bom Jesus e investigamos como é a vida de moradores de um deserto de notícias. Situações de violação de direitos, influência política sobre a informação que circula e o risco da proliferação de fake news estão entre os aspectos vistos na região.
Julho
Os Jogos Olímpicos começam em Paris e o Brasil tem 49 atletas da Grande São Paulo, muitos de bairros periféricos, aponta levantamento da Mural. Entre eles Rebecca Andrade de Guarulhos.
De que jovens estamos falando? Estereótipos sobre a geração Z tem se espalhado no mercado de trabalho. Mas de que jovens estamos falando? Jovens das periferias apontam que muito do que se fala não leva em consideração a vida de quem está nas quebradas.
Crianças vivem em um CAPs (Centro de Apoio Psicológico) em Diadema há mais de um ano. Em uma cama improvisada, elas dividiram o espaço que também era usado para consultas, revela reportagem da Agência Mural. Internação prolongada revela fragilidade do sistema de saúde, assistência social e Justiça e coloca em xeque direitos das crianças e o ECA.
As eleições chegaram ao fim e partidos como Podemos, PL, PSD e MDB sairam como os maiores vencedores da Grande São Paulo. O PT perdeu uma prefeitura e agora passa a ter apenas Mauá. Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito e conseguiu votação na maioria das zonas eleitorais periféricas na disputa contra Guilherme Boulos (PSOL).
Jornada 6×1. O Brasil começou a discutir o fim da jornada de trabalho de seis dias para um de folga. O movimento ganhou força e moradores das periferias relatam as dificuldades enfrentadas com o pouco tempo de descanso.