Nesta sexta-feira (4), uma roda de conversa chamada ‘Quilombos, Tekoas e Periferias’ vai discutir sobre como a literatura é uma ferramenta de denúncia e resistência para populações negras e indígenas.
Nesta ‘mesa online’, o debate será entre a educadora e poeta Guiniver Santos, Antony Karai Poty, da aldeia Tekoa Pyau, no Jaraguá, e da dramaturga Maria Shu, do Jaraguá, com mediação de Almir Moreira, do Sarau d’Quilo, da Comunidade Cultural Quilombaque.
Essa é uma das 40 atrações de artistas e agentes culturais dos bairros de Perus, Morro Doce, Parada de Taipas, Jaraguá e Pirituba, que compõem a 1ª Flino (Festa Literária Noroeste). Devido à pandemia de Covid-19, a festa será completamente online por meio do canal do Youtube da Flino e pela página no Facebook entre os dias 2 e 5 de dezembro.
Inspirados em festas literárias realizadas em outros bairros periféricos, como a Fligraja (Festa Literária do Grajaú), Flipenha (Festa Literária da Penha) e a Felizs (Festa Literária da Zona Sul), os trabalhadores das bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura e dos CEUs se reuniram e iniciaram a articulação junto aos demais coletivos.
“Acreditamos no território noroeste e vemos com clareza a potência e a riqueza cultural da nossa região. Queremos fortalecer os equipamentos culturais da localidade e dar visibilidade aos artistas e coletivos, além de estreitar a relação dos equipamentos públicos com os agentes culturais”, diz Beth Pedrosa, coordenadora da Biblioteca Padre José de Anchieta, em Perus, zona noroeste.
Com uma programação multicultural, a festa terá transmissões ao vivo de saraus, contação de histórias, intervenções poéticas individuais, espetáculos de teatro, música e performances, além de mesas de debate sobre literatura, território e temas ligados às questões étnico-raciais, juventudes e memória. Haverá ainda uma feira virtual de livros e artesanato.
Na quarta-feira (2), às 20h, será a abertura do evento, com a roda de conversa “Ferve Território”, que, além de marcar o início da festa, homenageia o educador e articulador cultural José Soró.
Soró morreu em 2019, aos 55 anos. Era comunicador popular desde os anos 1980, importante articulador da região e um dos gestores da Comunidade Cultural Quilombaque, em Perus.
Foi mentor e mestre de muitos coletivos locais e acreditava na força da juventude, além de difundir a “sevirologia” (a arte de se virar) como prática e dizia que era preciso “ferver o território”, criando a hashtag #FerveTerritório nas produções.
Com mediação de Beth Pedrosa, da Biblioteca Padre José de Anchieta, a mesa contará também com a participação de Cleiton Ferreira (Comunidade Cultural Quilombaque), Valéria Pássaro (Casas Taiguara) e o educador Sérgio Francisco.
A última roda de conversa da festa será sábado (5), às 20h, com o tema ‘Juventudes, Palavras e o Amanhã’ sobre a potência da produção literária jovem da região e suas identidades.
Wagner Souza (Sarau da Brasa), Wesley MP (Coletivo Afronte), o MC Tupi-Guarani Tupã Jekupéa, a musicista e poeta Ariany Marciano, do Morro Doce, com mediação de Sandro Coelho, da Biblioteca Brito Broca, participam da conversa.
O encerramento da Flino será com o Sarau da Noroeste, composto pelo Sarau d’Quilo, Sarau da Brasa, Sarau Elo da Corrente, Sarau Segunda Negra e convidados. A programação completa está na página da Flino.
*Correção: Texto alterado em 2 de dezembro. Ao contrário do publicado inicialmente, o evento não contará com quilombolas.