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Feirantes de SP mantêm tradição e usam redes sociais para ampliar público

Na rua Josino Vieira de Góes, no bairro do Joamar, Eissaku Kanashiro, 52, conta que para termos acesso ao caldo de cana, há um longo processo

Por: Nathália Ract da Silva

Nas ruas das periferias de São Paulo, as feiras são palco das mais diversas manifestações culturais de origem popular. Mulher casada aqui não paga, quem paga é o marido!”; “Experimenta um pedaço dessa fruta aqui, está mais doce que o seu primeiro beijo!”, “Olha a banana, olha o bananeiro, eu trago bananas de todas as qualidades. Quem vai querer?”

No dia 25 de agosto é celebrado o Dia do Feirante. A data foi escolhida para celebrar a primeira feira livre regulamentada no Brasil, que ocorreu em São Paulo, em 1914, no Largo General Osório. Porém antes de ser regulamentada oficialmente, as feiras livres aconteciam em diversos pontos da cidade, de modo regular, desde o século 19.

Segundo Carlos José, autor do livro “Nem tudo era italiano, São Paulo e pobreza (1890- 1915)”, o “mercado de rua” barateava o preço de alguns produtos e auxiliava o viver cotidiano de vários paulistanos.

Ao procurar vender seus produtos, os comerciantes faziam uma melódica cantoria mencionando os aspectos físicos de seus fregueses, oralidade que podemos perceber ainda hoje entre os ambulantes e feirantes’

Casé Angatu

Para marcar este dia, a Agência Mural traz uma fotorreportagem com trabalhadores de feiras da zona norte de São Paulo que mantêm a tradição no serviço há gerações e hoje têm encontrado o desafio de também adotar as novas tecnologias para cativar a clientela.

Na rua Josino Vieira de Góes, no bairro do Joamar, Eissaku Kanashiro, 52, à esquerda, conta que para termos acesso ao caldo de cana, há um longo processo @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

A cana é plantada e colhida em Caçapava, no interior paulista. É enviada para um depósito, para ser raspada e tratada, antes de ficar pronta para a garapa @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

“Sou formado em técnico de eletrônica, mas sempre trabalhei na feira. Consegui essa barraca em 2020. Gosto de trabalhar na feira porque há muita coletividade, amizade e parceria entre nós.” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Luciane trabalha como ajudante de caldo de cana há mais de 30 anos, de terça-feira a domingo, entre 6h e 15h. “É trabalhando na feira que sustento a minha família. Gosto porque faço muita amizade com outros feirantes e os clientes.” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Já Lucas Batista, 27, costuma trabalhar cantando, dançando e brincando com os clientes. “Sou blogueiro digital influencer, e gravo os meus vídeos trabalhando na feira para postar no Tik Tok e Instagram. @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Na barraca não faltam sabores. Além do caldo puro, eles oferecem a opção de limão, maracujá, abacaxi, gengibre e cajú @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Ao lado da barraca do caldo de cana está Nishihara’s pastéis, que existe desde 1990. @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Fabiana Eloisa, 41, conhecida como “Fabiana Sorriso”, trabalha na área há mais de 20 anos, de terça-feira a domingo, após a indicação da irmã dela, Luciane @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

“Me divirto trabalhando na feira. Gosto de me expressar e interagir com as pessoas.” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Na rua Manoel Gaya, no bairro da Vila Nova Mazzei, Guilherme Henrique, 19, é conhecido como Mc Doze, e trabalha em uma barraca de frutas ao lado do pai @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Ele divulga o cotidiano do trabalho na feira nas redes sociais, utiliza o Tik Tok @mcdozenafeira e o Instagram @mcdozee. O interesse pela música e por cantar funk surgiu quando estava na escola @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

“Comecei a escrever e meter marcha. Criei a minha primeira música entre 2018 e 2019 e logo que terminei, gravei um vídeo para ficar de recordação.” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Para Guilherme, o desafio maior de trabalhar com música é se manter. “Tenho que ao mesmo tempo trabalhar na feira, ir para o estúdio, editar vídeo, fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Isso acaba sendo o maior desafio.” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Na mesma feira, Etelvina da Silva, 67, é conhecida como Vina e trabalha há 45 anos na feira @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

“Aqui tem do tempero baiano com pimenta e sem pimenta, colorau, chimichurri defumado, lemon pepper, orégano, pimenta calabresa, pimenta do reino, canela, cravo da índia, folha de louro, “pega esposa” e “pega marido” da vizinha” @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Ela trabalha ao som das músicas dos anos 1970 e 1980, com um rádio retrô e junto com a filha Suzana, 43, que foi criada pela mãe desde bebê debaixo da saia de lona da barraca @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

Os temperos e condimentos naturais possuem benefícios à saúde sem o excesso de sódio, conservantes e aromatizantes artificiais de industrializados @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

“Os feirantes são pessoas de fé. Todos os dias, com sol ou chuva, estão sempre trabalhando, levantando cedo, armando as barracas para proporcionar alimentos saudáveis e com preço acessível”, comenta Suzana @Nathalia Ract da Silva/Agência Mural

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