A Covid-19 mata ao menos quatro pessoas por hora, apenas na Grande São Paulo. Nesta terça-feira (23), as 39 cidades da região metropolitana chegaram a 10 mil perdas por conta da doença transmitida pelo novo coronavírus.
Ao longo dos últimos sete dias, mais 1.275 moradores tiveram o diagnóstico da doença. Alguns dos casos podem ser das últimas semanas e estavam com os exames ainda em andamento.
Além disso, a quantidade tende a ser maior. Só na capital, a prefeitura estima que além dos 6.704 mortos pela Covid-19, há outros 5.000 casos de pessoas que morreram e podem ter contraído a doença.
Na região metropolitana, seis cidades concentram a maioria dos casos fatais, em especial no ABC paulista e na região oeste da Grande São Paulo: Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo, Barueri e Diadema, aparecem com mais mortes depois da capital.
Proporcionalmente, Barueri aparece como a cidade com maior número de casos com mais de 70 para cada 100 mil habitantes.
Todas estão incluídas na nova fase da reabertura econômica, iniciada pelo governo do estado no começo do mês. Apesar do número de mortos que teve alta de 14% em uma semana e o de casos, que saltou 16%, a gestão aponta uma queda no número de pessoas internadas com Covid-19 e mais leitos disponíveis para o tratamento da doença.
A atual fase da quarentena vai até dia 28 de junho e, nesta fase, permite a abertura de alguns estabelecimentos por um certo período, caso de shoppings e escritórios. Apesar disso, as ruas têm tido cada vez menos isolamento em diversas regiões.
O descuido nesse período preocupa por poder levar a uma nova onde de casos, inclusive nas periferias que tem registrado o maior número de mortes.
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Professor do Instituto das Cidades, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do grupo de pesquisa Rede Mobilidade Periferias, Ricardo Barbosa da Silva diz que no contexto da pandemia há a evidencia de que as populações mais pobres nas periferias urbanas são penalizadas no território.
Para Ricardo, geralmente, nos territórios periféricos há maior concentração populacional combinada com uma insuficiente disponibilidade de infraestruturas e serviços públicos, em especial, na saúde pública.
“É importante ressaltar que as condições dos equipamentos públicos de saúde e as condições de trabalho dos profissionais da saúde, invariavelmente, são mais precárias nas periferias”, pontua.
Outro argumento é o que diz respeito à mobilidade urbana, onde, segundo o professor, a população das periferias é obrigada a circular pela cidade para trabalhar, já que os empregos se concentram nas áreas mais centrais. Tem sido comum encontrar veículos lotados e o uso incorreto de máscaras.
“Isso se torna mais dramático devido o aumento da lotação nos transportes coletivos, combinado, muitas vezes, com o tempo elevado nestes deslocamentos, colocam as populações periféricas mais sujeitas a contaminação da Covid 19”.
CASOS AINDA DESCOBERTOS
A Grande São Paulo tem 170 mil casos confirmados pelas prefeituras de Covid-19. Entretanto, o número de casos tende a ser maior.
Há o problema da subnotificação, mais de 57 mil casos suspeitos ainda sem confirmação, além daqueles que não apresentaram sintomas.
Um estudo da prefeitura divulgado na terça-feira (23) aponta que na capital há dez vezes mais casos – ou seja, mais de 1 milhão de pessoas foram contagiadas pelo novo coronavírus.