Um sonho vem tomando forma em um canteiro de obras no Jardim Maristela, zona norte da capital. Trata-se do Hospital Municipal da Brasilândia, reivindicado por 20 anos pelos moradores da região e que está sendo construído no local.
Fundações e alicerces já foram concluídos, segundo a Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras). Os blocos A, B e C (dois pavimentos) do equipamento estão em andamento, e o Bloco D (dois pavimentos) aguarda a conclusão de desapropriações. Com previsão de entrega no primeiro semestre de 2017, o equipamento contará com 250 leitos e deve beneficiar 410 mil pessoas.
“Um hospital aqui sempre foi um desejo da população e uma promessa de campanha. Chegou um momento que ninguém acreditava que fosse acontecer, por isso, ele representa o sonho e a luta histórica de 20 anos dos movimentos sociais e da população”, diz Ana Sueli Ferreira, 50, moradora e militante de movimentos da região.
O Hospital da Brasilândia faz parte das 123 metas do Programa de Metas da Prefeitura de São Paulo 2013 – 2016. A unidade está contemplada na meta 22 do programa: “obter terrenos, projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir três novos hospitais, ampliando em 750 o número de leitos do sistema municipal de saúde”.
Os outros dois são o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, entregue em dezembro de 2015, e o Hospital de Parelheiros, também em obras. Ambos são na zona sul.
A construção na Brasilândia tem previsão de conclusão no primeiro semestre de 2017. Esse prazo, que acaba saindo do programa do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), é uma preocupação da população.
“Quem vai assumir a nova gestão tem que tocar esse projeto para que não fique parado como aconteceu com outras obras ao mudar o prefeito”, observa Noemia de Oliveira Mendonça, 56, aposentada e integrante do conselho gestor de ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) na região.
O atraso na entrega da unidade é justificado pelo prefeito por conta de um impasse com o governo estadual, que está construindo a futura linha 6 – Laranja do Metrô nas proximidades.
“Descobrimos que o Metrô, apesar do terreno ser municipal, estava contando com a área para fazer o terreno da estação Brasilândia; nós poderíamos ter dito não, mas não seria justo. O que nós fizemos: atrasamos seis meses para refazer o projeto, deslocamos a área do hospital para deixar a área para uma futura estação do metrô”, disse Haddad, durante uma visita à região dentro do programa “Prefeitura no Bairro”, em maio deste ano.
De acordo o Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo, a subprefeitura da Freguesia do Ó/Brasilândia apresenta um dos piores números de leitos hospitalares da cidade. Em 2015, a região contabilizou 198 leitos hospitalares para uma população de 407.314 habitantes.
Seguindo a proporção de leitos hospitalares públicos e privados por mil habitantes, chegamos à média de 0,48 leitos, um valor considerado abaixo da média de referência que é de 2,5 a 3 para mil habitantes.
Dentro da série histórica de 2005 a 2015, esse valor nunca foi alcançado. No ranking com a classificação das 32 subprefeituras, no ano passado, ela alcançou a 27ª posição. Ficando acima apenas das regiões do Campo Limpo (com a média de 0,36 leitos) e de Perus, Parelheiros, Cidade Ademar e Cidade Tiradentes que não possuem leitos.
Para a autônoma Maria do Carmo, 52, moradora do Jardim Eliza Maria, um dos bairros do distrito da Brasilândia, aumentar o número de leitos é importante, mas a questão da localização também poderia ter sido repensada. O hospital ficará na estrada do Sabão com a avenida Michihisa Murata, a aproximadamente 1,5 km do Hospital Geral de Vila Penteado, de gestão estadual.
ESTRUTURA
A unidade de saúde terá no total 42 mil metros quadrados de área construída, com a estrutura dividida da seguinte forma: os blocos A e B, com oito e dez pavimentos, respectivamente, abrigarão atividades administrativas e hospitalares, como espaços para internação, centro cirúrgico e diagnóstico e hospital-dia. O bloco C, com dois pavimentos, receberá o pronto-socorro, e o bloco D, também com dois pavimentos, abrigará áreas técnicas como a central de geradores, equipamentos de refrigeração, reservatórios, resíduos, ar condicionado, gás medicinal e subestação.
Segundo a prefeitura, o Hospital da Brasilândia oferecerá pronto-socorro adulto e pediátrico com quatro salas de emergência, 39 leitos de observação e 40 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A população terá atendimento em clínica médica, clínica cirúrgica, anestesistas, ortopedia, ginecologia, neonatologistas, ambulatório adulto e pediátrico, além de centro cirúrgico, três salas de obstetrícia, centro de diagnóstico e salas de emergência.
O novo hospital terá aquecimento solar como complemento do aquecimento central e armazenamento de água de reuso para as descargas e conservação dos jardins. O projeto prevê ainda aproveitamento de iluminação natural, com janelas amplas. No total, o novo hospital recebe investimentos de R$ 209,4 milhões e deverá aumentar a quantidade de leitos hospitalares da região em 125%.
*Foto: Cleber Arruda