Em uma região abraçada pela Serra da Cantareira, o tema meio ambiente apareceu com força na audiência pública de Santana/ Tucuruvi sobre o Plano de Metas 2017-2020. No rápido evento – de apenas uma hora e dez minutos –, realizado pela Prefeitura de São Paulo, houve algumas propostas e denúncias envolvendo desmatamento, especulação imobiliária, ocupação irregular de terrenos e agricultura urbana. Santana/ Tucuruvi tem 15 m2 de área verde por habitante, segundo o Observatório Cidadão. Esse índice é acima do recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 12 m2.
O gestor ambiental Guilherme Reis, 27, morador do Mandaqui, defendeu a implantação de um plano de segurança alimentar e nutricional na cidade. Ele sugere que as crianças em idade escolar tenham “20% de alimentos” orgânicos nas merendas. Na avaliação de Reis, os cerca de 400 agricultores paulistanos, “não contemplados pela política pública municipal”, seriam fortalecidos, estimulando a alimentação saudável.
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As sugestões da bióloga Natália Ricci, 29, também focaram no meio ambiente, na agricultura familiar e segurança alimentar. Ela pediu a “reativação das Escolas Estufas, fundamentais no suporte às hortas urbanas comunitárias”, e a “desburocratização de parcerias e projetos” do setor. Ainda na questão ambiental, outra manifestação pediu maior rigor em casos de desmatamento, ocupação irregular e de especulação imobiliária identificados em Lauzane Paulista, no distrito do Mandaqui.
Anderson Augusto, 44, mais conhecido como “ciclonauta urbano”, questionou dois pontos ignorados na primeira versão do Plano de Metas: a ausência de propostas relativas à saúde das mulheres, principalmente as idosas, e a falta de ações de zeladoria, ampliação e interligação entre as ciclovias na zona norte, sobretudo nas periferias. “Pensando na melhor qualidade de vida do trabalhador, isso traria mais mobilidade urbana às pessoas que usam esse tipo de transporte”, diz. Segundo ele, a atual gestão municipal “não é amiga do ciclista e da ciclovia. Não há diálogo entre nós [ciclistas] e a prefeitura”, afirmou.
Os participantes também levaram reivindicações sobre a instalação de um CEU (Centro Educacional Unificado) na região, que não possui nenhum equipamento público desse tipo, e mais áreas de acolhimento e de lazer para idosos.
Bom público
O auditório da Prefeitura Regional recebeu exatas 110 pessoas, mas apenas dez decidiram se manifestar e apresentar sugestões. Além disso, foram recebidas mais 46 propostas online e outras escritas sobre temas diversos. Apesar do alto comparecimento, houve morador que criticou a “falta de comunicação” do evento, o que teria impedido “maior participação da população”.
Logo no início do evento, a prefeita regional de Santana/ Tucuruvi, Rosmary Corrêa, a Delegada Rose, como é conhecida, explicou que os participantes da mesa diretora – além dela, estiveram presentes o secretário de Obras, Marcos Penido, e o chefe de gabinete local – não responderiam perguntas e que todas as questões seriam respondidas diretamente aos interessados.
Sobre a crítica da “pouca divulgação” da audiência pública, a gestora rebateu falando que foram usados todos os meios possíveis de divulgação. “Eu me sinto privilegiada de ter o auditório cheio em uma tarde de sábado”. Segundo a prefeita, atualmente, o que a população mais pede é zeladoria, poda de árvores e corte de grama. Ela aprovou e considerou “brilhante” as questões sobre o meio ambiente. “Esses pedidos, como a utilização de áreas para a agricultura urbana, geram empregos”, comentou.
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Foto principal: Kátia Almeida/ Flickr