Ainda no meio de uma crise de gestão, o Parque do Trote, na Vila Guilherme, zona norte, procura se reerguer e atrair novamente os frequentadores. Nos últimos meses, sem energia elétrica e com poucos funcionários para a manutenção, limpeza e segurança, o local teve o horário de funcionamento reduzido em quatro horas e meia, e a sujeira era visível nas áreas internas. O matagal tomou conta do setor central e os banheiros foram interditados. Na última semana, com o religamento da rede de energia, o parque voltou a funcionar, das 5h30 às 20h, e houve a reabertura parcial dos sanitários. A reportagem do 32xSP confirmou os problemas recentes e relata a insatisfação dos visitantes com o Parque da Vila Guilherme – Trote, o maior da região, com 185 mil m2 de área.
Em um domingo ensolarado de novembro, por volta das 18h, a pequena Giulia, 8, e as amiguinhas Mariana e Luma tiveram que sair do parquinho infantil às pressas. O pai da menina, o técnico Luiz Carlos Paz, 39, ficou revoltado: “Trouxe as crianças para aproveitar o horário de verão, mas fomos expulsos daqui”. Ao seu lado, Maria Regina Rodrigues, a mãe de Giulia, também reclama: “Sem banheiro, minha filha teve que fazer xixi no meio do mato”.
O presidente da Associação de Amigos do Parque, Beto Freire, 36, diz que a falta de sanitários “é humilhante, principalmente para os idosos”. Ele também comenta que a segurança continua a ser feita por “apenas três vigilantes” e que o conjunto de fatores negativos afastou os visitantes. “O parque chegou a receber cinco mil pessoas diariamente e o dobro nos finais de semana. Esse número caiu bastante”, avalia.
O treinador Anderson Bassi, 35, e a autônoma Janaína Severo, 39, concordam com a avaliação negativa. Moradores do Tremembé, eles procuram o local para a prática esportiva. “O parque tem uma ótima pista de corrida plana, de terra e grama, o que minimiza as lesões. É melhor do que o Horto Florestal. Sempre treinamos aqui, mas ouvi relatos de amigos sobre a falta de segurança e isso assusta”, afirma Bassi.
No Programa de Metas da Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme, os prédios da antiga Sociedade Paulista de Trote, dentro da área do parque, deveriam ser restaurados e integrados a um novo plano paisagístico. Faltando poucos dias para o término da atual administração, o projeto atingiu apenas 20% da meta.
Em estado de abandono e sem proteção adequada, as instalações históricas se deterioram e as antigas arquibancadas quase desaparecem no meio do mato. A decepção dos frequentadores do Parque do Trote não é um fato isolado. A edição 2016 do IRBEM – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município, pesquisa do IBOPE Inteligência em parceria com a Rede Nossa São Paulo, apontou clara insatisfação dos paulistanos com o meio ambiente da cidade. Na avaliação de parques, áreas verdes, praças e várzeas, a nota média foi de 4,2, na escala até 10.
Em nota, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) informou que a falta de energia decorreu de “uma pane no sistema elétrico, seguida de incêndio, que causou extenso dano à rede. Uma equipe técnica coordenou os trabalhos para que os reparos fossem feitos no menor prazo de tempo possível”. Sobre as falhas na limpeza e a interdição dos banheiros, o órgão justifica que os contratos [com as empresas] estão sendo renegociados.
Para cuidar da área do parque, a secretaria afirma que a equipe de segurança é composta por seis vigilantes, divididos por um período de 24 horas, além de rondas de apoio da GCM. Também diz que o “projeto de restauro [dos prédios], acompanhado pela equipe técnica e aprovado no CONPRESP, está em análise na Secretaria para ser executado com acompanhamento técnico do Departamento do Patrimônio Histórico”. De acordo com a SVMA, o parque funciona em horário estabelecido pelo Conselho Gestor.
Foto: Sidney Pereira