Quem você elegeu prefeito em 2016? A resposta não corresponde a quem está no poder em algumas cidades da Grande São Paulo. Além de pedidos de cassação nas Câmaras Municipais, três cidades viveram com constantes trocas de prefeitos ao longo do período.
Levantamento da Agência Mural aponta que ao menos 12 cidades tiveram crises políticas nestes três anos de mandato com mudanças ou ameaça de troca de gestores. Em uma delas, a situação ainda pode haver reviravoltas: Mauá.
Há ao menos dois anos, o município enfrenta um período de intensa instabilidade política, em que o prefeito, Átila Jacomussi (PSB) e a vice-prefeita, Alaide Damo (MDB), se revezaram várias vezes no comando da cidade.
As coisas se complicaram em maio de 2018, quando Jacomussi foi preso após a Polícia Federal encontrar R$ 87 mil em sua residência, como parte da Operação Prato Feito, que investiga o desvio de recursos de prefeituras em áreas como a da merenda.
Jacomussi conseguiu a liberação após o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), conceder habeas corpus. Foram 36 dias preso. Neste período, a Câmara dos Vereadores negou o pedido de impeachment por 22 votos a um.
Enquanto isso, Alaíde Damo assumiu a administração e fez mudanças no secretariado. Durou pouco, pois Jacomussi reassumiu o cargo na prefeitura em setembro do mesmo ano sob autorização, novamente, do ministro do STF.
Parecia o fim da história. Mas não. Átila foi preso novamente em dezembro de 2018. Desta vez, o político foi alvo da Operação Trato Feito, que investiga esquemas de recursos públicos em contratos firmados com o município. Atila nega irregularidades.
Alaíde assumiu novamente o comando da cidade em mais dois períodos: dezembro de 2018 e fevereiro de 2019 e, novamente, entre abril de 2019 e setembro do mesmo ano. Completou 100 dias na gestão.
No último período longe da administração de Mauá, Jacomussi teve o mandato cassado pela Câmara Municipal, que aceitou a denúncia de crime de responsabilidade. A alegação é de que o gestor não informou a ausência do cargo para os vereadores.
A situação parecia novamente resolvida até que em setembro, uma liminar do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo anulou a decisão dos vereadores e fez com que Jacomussi retomasse o cargo de prefeito.
A situação ainda pode mudar judicialmente, em pleno ano eleitoral. A Justiça ainda irá julgar em definitivo se os vereadores cometeram ou não irregularidades ao cassar o prefeito.
CAJAMAR E PIRAPORA TIVERAM NOVAS ELEIÇÕES
Desde março, Cajamar é governada por Danilo Joan (PSD) como parte final de uma longa novela na cidade.
Joan venceu uma eleição suplementar, após uma série de trocas de mandatários que começou em 2013, com o afastamento do ex-prefeito Daniel Fonseca. Desde então foram 13 trocas de prefeitos na cidade.
Na eleição de 2016, Paula Ribas foi eleita, mas ela também teve o mandato cassado, após decisão da Justiça Eleitoral.
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Com a saída dela e da vice Dalete, coube aos vereadores que eram presidentes da Câmara Municipal assumirem o cargo. Dois eles passaram pelo posto principal até que a Justiça Eleitoral determinou a nova eleição.
Joan terá menos de 2 anos de mandato e é cotado para buscar a reeleição em 2020.
Município com menos de 20 mil habitantes, Pirapora do Bom Jesus viveu um período de instabilidade política desde o fim das eleições de 2016. Na época, o vencedor foi o ex-prefeito Raul Bueno (PTB), mas o candidato teve a candidatura julgada irregular após a disputa eleitoral e não assumiu.
A partir daí, uma batalha foi travada pelo comando da cidade. Inicialmente, o prefeito seria o presidente da Câmara. Na votação, Dany Floresti (PSD) teve o apoio da maioria dos nove parlamentares. Curiosamente, Dany era aliado do então candidato derrotado Gregório Maglio (MDB).
Mais de um ano se passou com a cidade sendo governada interinamente até que a Justiça Eleitoral decidiu realizar uma nova eleição no ano passado. Novamente, a disputa teria Gregório no páreo. Também entrou na corrida eleitoral Andrea Bueno (PSDB), esposa de Raul, o ex-prefeito que ganhou mas não levou em 2016.
Em uma disputa acirrada, Gregório venceu com 42% dos votos (uma diferença de 250 votos), e voltou a assumir o comando da cidade.